Crítica sobre o filme "Frankenweenie":

Rubens Ewald Filho
Frankenweenie Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/11/2012

Fiquei intrigado quando este filme foi mal de bilheteria nos EUA (custou cerca de 39 milhões de dólares e até agora não passou de 31 milhões) mesmo sendo em 3D e da poderosa Disney. A explicação parece ser simples:

1) É em preto e branco e já sabemos que há uma enorme rejeição a essa estética. Absurda sem dúvida, mas verdadeira.
2) É difícil identificar o público do filme. Não é especialmente indicado a crianças, elas teriam que ser mais velhas. Na sessão que assisti, quem reagiu bem foram os adultos fãs do diretor, que riram, identificaram as citações (de Christopher Lee a Vincent Price, que inspirou o professor, sendo que Martin Landau imitou sua voz). E as mulheres choraram muito!

Não acho que faça diferença o fato de ser uma refilmagem do primeiro filme do próprio Burton, que foi o curta homônimo de 1984, com Shelley Duvall, Daniel Stern, o menino Barret Oliver. Tinha 29 minutos e foi produzido pela própria Disney, que o despediu depois de ver que ele tinha feito um filme que era assustador demais para crianças (o plano era passar nos cinemas junto com reprise de Pinnochio).

Isso não impediu que depois fosse distribuído nos EUA em VHS quando Burton ficou famoso, mas ainda em versão censurada.

Eu tenho a impressão de ter visto apenas trechos do filme. Este já foi o sexto longa de Burton, sendo que o curta anterior Vincent (tinha justamente a presença do grande e agora falecido Vincent Price). Este Frankenweenie (o nome, para quem não percebeu, é uma referência justamente ao monstro de Frankenstein, aquele famoso com Karloff, em que um cientista, justamente chamado Frankenstein, sonha em criar um homem de parte de cadáveres usando a energia de raios, um método semelhante usado pelo herói deste filme, o garoto Victor).

Muito melhor que o filme anterior de Burton este ano, o fraco Dark Shadows/Sombras da Noite, este é um exercício muito bem feito, sempre com muito senso de humor e figuras memoráveis.

Também a história é bem narrada, com doses iguais de monstros e sentimentalismo canino. Vincent é o garoto meio desajustado de sua escola em Nova Holanda que é influenciado por seu professor excêntrico que prepara a feira de ciência.

Enquanto está tentando jogar beisebol para agradar o pai, o cão de Vincent, Sparky é atropelado e morto por um cachorro (a cena é feita com delicadeza, sem chocar). Inconformado, Vincent resolve experimentar ressuscitá-lo conforme a sugestão do professor.

E Sparky realmente volta à vida. O problema é que os colegas (novamente os famigerados Bullies) querem imitá-lo e desastrosamente transformam outros bichos inocentes em monstros. Por exemplo, uma tartaruga dando uma de Godzilla e assim por diante. O que apavora a cidade.

Os personagens de apoio são divertidos (em particular, a menina dona do gato embora seja discutível usar um menino que parece Corcunda de Notre Dame). E o tempo todo o filme de animação faz a gente sorrir ou resmungar de prazer. Certamente não é uma diversão para todo mundo, mas os fãs vão curtir muito.