De todos os diretores socialistas do cinema, o britânico Ken Loach (1936) é o mais coerente, representativo e fiel a suas ideias. Sua obra-prima poucos viram ou se lembram (mas foi o impressionante Terra e Liberdade, 95, que deu uma impressionante visão do que foi realmente a Guerra Civil Espanhola).
Loach chegou a ganhar a Palma de Ouro em Cannes por Ventos da Liberdade, 2006, outro filme pouco memorável. Sou admirador de seu estilo enxuto e objetivo, embora por vezes alterne filmes mais pesados com outros apenas divertidos (mas ainda assim sem concessões, ele deve ser dos únicos dos cineastas de seu peso e história, que nunca cedeu e foi rodar em Hollywood).
Este Route Irish (depois já fez Angel´s Share e trabalha em documentário), é dos seus trabalhos mais difíceis, principalmente porque nos faltam informações para entender os meandros e contradições.
O que é essa Route Irish, o que diabo foram fazer irlandeses na guerra do Iraque e assim por diante. Também uma interpretação por demais gritada, no mesmo tom, acaba por aborrecer e tirar a simpatia pelo protagonista Fergus.
É bom ler um pouco sobre o filme antes para entender que estão contando sobre dois amigos inseparáveis de Liverpool, Fergus e Frankie. Em 2007, Frank se tornou mercenário no Iraque participando de mortes e massacres.
Fergus ao voltar para casa rico lamenta a morte do amigo que foi morto numa missão não muito bem explicada - que teria sucedida na estrada - que liga o aeroporto de Bagdá a Zona Verde, controlada pelos americanos. Porque irlandesa temos que adivinhar.
De qualquer forma, Fergus não se conforma com essa morte e depois de algumas cenas e exageros, vai até extremos para saber de toda a verdade. Embora as cenas sejam realmente fortes, poderosas mesmo, chegam também ao indigesto.
Para meu gosto, ultrapassa o limite do suficiente. Continuo a sair fazendo perguntas.