Um dos mais populares sucessos românticos de Bette Davis (1908-89), ajudado pelo chamativo título que vem já do bestseller que lhe deu origem, por sua vez inspirado em fato real: é a vida do Duque de Choiseul-Praslin, um político francês que foi acusado do assassinato de sua esposa Fanny Sebastiani em 1848. Por sua vez, ele cometeu suicídio por envenenamento enquanto estava em prisão domiciliar. Isso causou que o julgamento fosse anulado, mas até hoje é um dos casos mais famosos de crime não solucionados na França. O filme foi uma produção Classe A da Warner, totalmente rodado em estúdio em 67 sets (um recorde na época) e com Bette usando 37 figurinos ao custo de mil dólares cada.
Jack Warner queria que fosse o E o Vento Levou do estúdio. Foi indicado aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Coadjuvante (Barbara O´Neil, que faz esposa) e Fotografia. Ficou entre os cinco melhores filmes do ano votado pela crítica. Reza a lenda que Bette Davis teve um romance com o diretor produtor deste filme, que por sua vez era casado com a atriz Miriam Hopkins (o que levou a uma inimizade eterna inclusive em dois filmes que fizeram juntas). Charles Boyer (1899-1978) que era um dos grandes galãs do cinema tanto americano, quanto europeu na vida real, era baixinho, careca e barrigudo. Reza a lenda que quando Bette o viu sem estar caracterizado, não o reconheceu e mandou que ele fosse expulso do set.
No filme, o Duque e esposa tem quatro filhos, enquanto na vida real eles eram dez crianças. O personagem de Bette, Henriette Deluzy-Deportes é ancestral de Rachel Field, a autora do livro original (foi casada com um tio do duque). Barbara O´Neil estava infeliz como seu personagem foi construído no filme. Achava que ela tinha que ser menos glamourosa e mais velha para fazer sentido o romance do marido com Henriette. (Henriette revela que tem 25 e na vida real, Barbara 29 e Bette 31). Charles Boyer ingressou no exército francês logo no começo da Guerra, mas preferiram que aos 40 anos fizesse atos diplomáticos. A metragem original tinha 190 minutos, que foram reduzidos para 141. Essas cenas parecem estar perdidas para sempre.
Em 1941, Barbara O´Neil foi indicada ao Oscar por este filme concorrendo com ela mesma por Vinhas da Ira No ano anterior, Barbara fez a Mãe de Scarlett O´Hara em E o Vento Levou. Novamente na vida real, Boyer teve um final trágico. Ele se matou (26 de agosto de 78), tomando barbitúricos dois dias depois da morte de câncer da esposa Pat Paterson, por sua vez, o filho único deles havia se matado pouco antes por causa do vício do jogo.
Embora classificado como história de amor, Henriette e o duque nunca se beijam! (ele tampouco beija a esposa). Henriette (Bette Davis) é vista no tumulo do duque, é que na época houve uma popular teoria da conspiração em que ele teria fingido sua morte e fugindo para a Nicaragua onde teria vivido até os 78 anos. Muito bem produzido e delicado, por alguma razão é pouco reprisado no Brasil.