Crítica sobre o filme "Corações Sujos":

Rubens Ewald Filho
Corações Sujos Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/08/2012

Não tem sido um bom ano para filmes brasileiros grandes e ambiciosos. Na lista de fracassos se agrega esta adaptação de um bestseller de não-ficção de Fernando Morais, que retratava de forma direta e objetiva um fenômeno pouco conhecido, com os imigrantes japoneses radicados no interior reagiram durante a Segunda Guerra.

Como eles ainda acreditavam que o Imperador era Divino e Filho do Sol, se recusavam a aceitar as notícias da Guerra que falavam em derrota e finalmente rendição. Organizaram-se em grupos e passaram a perseguir e até matar aqueles que os desobedeciam. O livro mostrava fatos reais enquanto o filme se fixa num jovem casal, principalmente a mulher que vê seu marido sendo perseguido pela comunidade.

Rodado em Paulínia, por Vicente Amorim (O Caminho das Nuvens e o estrangeiro Um Homem Bom,de 2008, com Viggo Mortensen), o filme teve um elenco importado do Japão e um dos poucos brasileiros com papel importante é Edu Moscovis ainda assim num personagem ingrato do sujeito que tenta impor a ordem.

Como se sabe o japonês sempre foi um povo onde a honra vale muito e não gosta nem mesmo de admitir que em certo momento da história, emigrantes deles em dificuldade vieram se instalar no Brasil (isso explica porque os dois filmes Gaijins, de Tizuka Yamazaki, ainda mais o segundo, que também abordava este mesmo tema, tiveram uma carreira truncada por lá!).

De qualquer forma teria sido melhor escolher um realizador japonês que saberia melhor reproduzir os costumes e o comportamento, já que o filme resulta melodramático, com muita choradeira (coisa incomum em filme japonês, onde tudo é contido e ritualístico), mergulhando num melodrama inconsistente. É uma questão de erro de tom, que não convence nem como aventura, nem como romance, ou drama. Um equívoco.