Crítica sobre o filme "Footloose":

Rubens Ewald Filho
Footloose Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/07/2012

Ficou inédito em nossos cinemas esta inútil e malsucedida refilmagem do sucesso de 1984 que consagrou Kevin Bacon. O filme não era nenhuma maravilha e mal chegava a ser classificado de musical (já que todas as canções eram em off) mas tinha danças cheias de ritmo e energia e nenhuma pretensão.

Foi uma ideia estúpida refazê-lo à moda dos tempos atuais, ou seja, tudo é mais moralista, bobo e inferior. Na verdade, nenhum dos filmes dessa década que foram refeitos deu certo (nem mesmo, o Fama que tinha problema semelhante).

Aliás, a história já tinha sido feita como musical da Broadway. Eu o assisti, mas fora um par de danças não tinha maior razão de ser. Embora alguns extras insistam em afirmar que é uma releitura, não muda muito a história, apenas escolhe o elenco errado (para vocês verem como é fundamental a escolha de atores!).

Começando pela figura do pregador que perdeu o filho no acidente (aliás, uma diferença é essa, aqui tudo começa mostrando os cinco dançando a música tema e depois sofrendo o acidente de carro que provocará a lei absurda).

No original era John Lithgow que o interpretava de forma exagerada e carrancuda, quase como vilão. Em seu lugar puseram um dos piores atores de Hollywood, Dennis Quaid, que procurou humanizar sua figura, justificar sua ação, com medo de entrar em conflito com grupos religiosos e assim perder o público do interior. Deram-lhe inclusive uma mulher glamourosa, a já senhora Andie MacDowell.

Mas o erro básico foi a escolha do protagonista que foi descoberto por testes, um baixinho com cara de nada chamado Kenny Wormald, que se diz dançarino, mas nem isso faz bem. Nem chega aos pés de Kevin Bacon (que não tinha formação de dança, mas se saiu muito melhor, tanto que sua carreira prossegue até hoje). Ele tenta ser meio Mickey Rooney, ou seja, um típico americano, mas não responda a qualquer quesito e ajuda a derrubar o filme.

Sorte teve Zac Efron que havia sido escolhido para estrelar o filme, mas pulou fora alegando que não queria fazer apenas musicais. Em seu lugar chamaram Chace Crawford, de Gossip Girl, que por sua vez também desistiu. Outro que pulou fora foi o diretor Kenny Ortega, de High School Musical, certamente depois de ler o ridículo script (o problema é que ele foi escrito pelo mesmo Dean Pitchford, que escreveu o original. Indesculpável).

Dizem que mesmo o diretor atual Craig recusou o projeto por duas vezes! A menina que faz a heroína Ariel é melhor, Julianne Hough (que foi revelada pelo programa Dancing with the Stars, onde ela dançou com o brasileiro Helio Castro Neves). Ela tem límpidos e brilhantes olhos azuis, mas o personagem continua a ser autodestrutivo (tenta se matar diante de um trem em movimento).

Só que não há vilões de verdade, os familiares são legais e todo mundo bem intencionado. Ou seja, o conflito é superficial e mentiroso.

Outro erro: no original o papel do melhor amigo era feito pelo irmão de Sean Penn, Chris Penn (1965-2006), que era gordo e com cara de bobão, mas bom ator e muito melhor do escolhido aqui, que não deixa maior impressão.

Rodado na Estado da Geórgia, custou US$ 25 milhões e rendeu US$ 15.