Quando se trata de um filme de arte, não há muito problema que ele chegue com certo atraso como neste acaso. Pode até ser bom, porque pouca gente se interessava por ele quando foi indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro em 2009. Aliás, um ano não muito notável. O vencedor também tinha uma temática judia, Os Falsários da Áustria. E disputou junto com o belo O Guerreiro Genghis Kahn, que representava o Cazaquistão, o forte Katyn da Polonia (passou aqui, é uma denúncia tocante de Waja), e o inédito 12, da Russia, dirigido por Nikihta Mikhalkov (e que não passava de uma refilmagem esticada do americano Doze Homens e uma Sentença).
Depois deste filme, o diretor Cedar (nascido em Nova York em 1968-), fez o indicado ao Oscar Footnote (do ano passado, bem interessante) e antes Fogueira, 2004. Este filme traz o nome de uma montanha no sul do Líbano, onde está o Castelo de Beaufort (que é da época das Cruzadas) que esteve nas mãos de vários exércitos durante séculos. Em 2000, após 18 anos de ocupação, as tropas de Israel deixarão o local, e um jovem soldado é eleito o último comandante da base. É Liraz Liberti, um comandante de apenas 22 anos, que tem que comandar essa retirada.
Não chega a ser propriamente um filme de guerra, mas quase um pesadelo, um filme de terror, onde um inimigo que não se vê direito joga bombas dos céus deixando apavorado os jovens soldados que tentam cumprir sua missão. É uma missão complexa para um jovem soldado que terá que usar explosivos para destruir a estrutura pela qual muitos morreram.
Naturalmente um filme contra a guerra. Eu tenho que confessar que já o assisti há uns anos atrás e não o revi. Mas ele deixou uma impressão muito forte, ao descrever psicologicamente o comportamento de soldados sobre fogo inimigo. Recordo especialmente a fotografia que me impressionou muito, como chegou a dizer o New York Times, tem momentos onde dá impressão de ser ficção cientifica, de se passar em outro planeta. Curiosamente veteranos de guerra o chamaram de propaganda de esquerda. Talvez contra ser as guerras num filme de Israel seja mesmo corajoso e polêmico. E que não foi rodado em Beaufort porque o lugar foi realmente destruído noutro Castelo de Namrud. Talvez um pouco longo, sem escapar totalmente de clichês do gênero. Mas recomendado também pelo prêmio que ganhou em Berlim, o Urso de Prata.