Embora não seja muito conhecido no Brasil, este é reputado como um dos melhores, se não o melhor e mais típico, de todos os filmes noir. Realizado na RKO, tem todos os ingredientes do gênero: uma trama muito complicada, tão enrolada que se torna até abstrata, uma mulher fatal das mais pérfidas e atraentes, um herói íntegro e leal, uma solução ainda mais trágica e triste do que a média do gênero.
Sem esquecer a espetacular fotografia em preto e branco do mestre do estilo Nicholas Musuraca.
Não faltam suspense, diálogos inteligentes e cínicos, personagens inusitados (o melhor amigo do herói é um garoto surdo-mudo, feito por Dickie Moore). Mas o diferencial do conjunto é simples: é um filme espetacularmente bem dirigido pelo francês Jacques Tourneur (1904-77), com Robert Mitchum (1917-97), sempre um ator subestimado, em um de seus melhores momentos, e foi o ponto alto da carreira de uma atriz que merecia mais, Jane Greer (1924-2001).
A história foi refeita como Paixões Violentas (Against All Odds, 1984), por Taylor Hackford, com James Woods, Jeff Bridges e Rachel Ward. O curioso é que no elenco estava também Jane Greer, no papel da mãe da heroína.