Crítica sobre o filme "Céu Por Testemunha, O":

Rubens Ewald Filho
Céu Por Testemunha, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/07/2012

Um dos bons filmes do diretor John Huston (1906-87), com o que era a sua especialidade, personagens fortes e complexos em situações-limite. Só que no caso são apenas dois atores (o resto é figuração). O roteiro do próprio Huston (em parceria com John Lee Mahin e adaptando o livro de Charles Shaw) foi indicado ao Oscar, e narra a aventura de um fuzileiro naval americano rude e descomplicado (Mitchum) que, sobrevivendo a um ataque ao seu submarino, vai parar em uma pequena ilha do Pacífico onde uma freira irlandesa (Deborah) foi abandonada.

Juntos enfrentam a fome, a ameaça dos japoneses, e, naturalmente, acabam se envolvendo e se apaixonando. Eram dois papeis excelentes, cheios de oportunidades e bons momentos, que ambos exploraram muito bem, em especial Deborah, que foi indicada ao Oscar e ao Globo de Ouro.

Mas também Mitchum (1917-97), cujo estilo contido e sempre muito sutil era perfeito para o papel (para o qual Huston inicialmente queria Marlon Brando). Este era seu filme preferido (curiosamente Deborah também o considerava seu parceiro favorito e fizeram vários filmes juntos). Mas o mérito é mesmo de Huston, que soube fazer tudo com leveza e simplicidade, alternando ação com humor e tratando com cuidado o espinhoso tema do romance entre os dois (que, dentro do espírito da época, é todo platônico e fica em aberto, sem ofender ninguém).

Foi filmado na ilha de Tobago, onde pouco antes Mitchum havia rodado Lábios de Fogo com Rita Hayworth e onde não havia japoneses. Para obter figurantes contrataram chineses radicados na região e, para os que precisavam falar a língua, japoneses imigrantes de uma colônia agrícola brasileira! O ator quase morreu na cena em que tenta nadar com uma tartaruga!