Crítica sobre o filme "Nathalie Granger":

Rubens Ewald Filho
Nathalie Granger Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/06/2012

Este foi o primeiro filme da celebre escritora Marguerite Duras (O Amante, 19140-96), a ser lançada comercialmente no Brasil. E quarto dela como diretora. Ela se tornou famosa quando escreveu o brilhante roteiro de Hiroshima, Mon Amour para Alain Resnais e fez parte de um ciclo chamado de Nouveau Roman. Ela dirigiu vários filmes muito pessoais, inteiramente de pesquisa, difíceis de acompanhar.

Mas ao menos eu acredito na sinceridade de sua pesquisa de linguagem, contando uma história de forma diferente. Aqui, por exemplo, com a exceção das duas cenas do estreante no cinema Gerard Depardieu com um novato e mal sucedido vendedor de aparelhos domésticos nenhuma cena tem som sincronizado. As informações são dadas em voz off como se pesquisasse um anti-narrativa, um total falta de dramaticidade e emoção.

A figura título, por exemplo, é uma menina, filha de uma mulher (a italiana Lucia Bosé, mãe de Miguel Bosé e ex-estrela do neo-realismo) que houve falar horrores da crueldade dessa menina que ao voltar da escola não demonstra isso. Enquanto se ouve no rádio histórias sobre dois adolescentes assassinos em fuga.

La Moreau faz pouco mais que figuração de luxo, quase sem falas, servindo apenas de comparsa para Lucia, numa casa de campo (o filme é em preto e branco e à sua maneira parecia uma reportagem sobre vivendas do interior). Chamar de minimalista é uma redundância. É feito de longas pausas, aparente ausência de trama, um anti-drama onde o maior conflito parece ser se a menina título vai ter ou não lições de piano.

Não é surrealista, e pode estar criticando a vida burguesa onde nada se passa. Mas ainda dá para captar certo humor e poesia. Mas decididamente é filme para pouquíssimos.