Crítica sobre o filme "Última Caçada, A":

Rubens Ewald Filho
Última Caçada, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 09/06/2012

Durante todos esses anos eu andei atrás da chance de ver este filme que perdi na estreia e não consegui ver na TV (onde passou algumas vezes). O desejo finalmente se realiza ainda que numa cópia escura, de péssima qualidade e ainda por cima deformando o widescreen original. Os letreiros são nessa proporção, mas logo vira aquela versão feita para a antiga televisão, ou seja, mudando as intenções do diretor, a ponto de ter o chamado scanning, puxando para um lado dentro da própria frame, do enquadramento. Assim não há filme que resista, nem mesmo esta produção A da antiga MGM de quem o diretor Richard Brooks (1912-99, especialista em faroestes como Os Profissionais e que estaria completando este ano seu centenário). Este foi dos primeiros, senão mesmo o pioneiro, a denunciar um dos absurdos da história da Conquista do Oeste: a destruição até praticamente sua extinção das grandes manadas de búfalos que existiam nos campos e que alimentavam os índios. Mas por causa de sua pele e carne, eles foram sendo dizimados por caçadores e hoje só subsistem em reservas animais! Ou seja, este é um filme com uma mensagem muito adiante de seu tempo e que teve seus contratempos. O mais famoso é o fato de que a atriz que fazia o papel central, a depois vencedora do Oscar Anne Bancroft, sofreu acidente de cavalo em locações e teve que ser substituída às pressas por outra, no caso a mais jovem e bela Debra Paget, que como tinha olhos azuis usa lentes de contato escuras. O curioso é que em alguns planos gerais ainda se pode perceber a presença de Anne! O roteiro do próprio Brooks, coloca em confronto dois astros do estúdio, o bonitão, mas excessivamente maquiado, Robert Taylor faz o vilão irremediável e sem remissão que abusa dos índios e quer apenas o lucro das peles (a resolução desse personagem é muito irônica). Enquanto o mocinho é o inglês Stewart Granger (melhor do que nos lembrávamos dele, um detalhe, ambos foram casados com a mesma atriz Jean Simmons). Duas figuras são marcantes, o veterano Lloyd Bridges (como o velho que cuida das peles) e o muito jovem Russ Tamblyn (desde que consigamos aceitar o ruivo com mestiço de índio). Não há muita ação e brigas em saloon parecem desnecessárias já que se trata de um western com mensagem, defendendo os índios com uma ousadia rara para a época e que só se tornaria moda quase 15 anos depois! Dizem que a foto original era ótima (!?) e que as cenas de matanças foram reais (o governo executa uma já planejada redução de rebanho!).