Uma curiosidade: um primeiro longa-metragem de dois irmãos (Stéphane na França é nome masculino) em que justamente este é um veterano diretor de elenco (ou seja, encarregado de casting, escolha dos atores, função que já exerceu em mais de 60 filmes inclusive Cassino Royale e Meia Noite em Paris.
Embora possa ser classificado como comédia dramática/romântica, não é um filme convencional. Para começar os europeus são sempre menos superficiais do que o similar americano. Trazem sempre algo de novo, de surpreendente, e querem agradar menos.
Aqui Audrey sempre muito magrinha e já madura, faz um dos personagens menos adoráveis do cinema recente. Sua Nathalie Kerr é uma pessoa mal-humorada, intratável, que reclama de tudo, nunca está feliz, mas que mesmo assim, consegue por alguma razão inexplicada, deixar os homens apaixonados por ela. Malucos.
O filme começa de forma curiosa num daqueles barzinhos/bistrôs bem franceses e é mostrado pelo ponto de vista do que seria o herói, o rapaz François (Marmai) descreve como se apaixonou por Nathalie e logo os dois estão namorando, casando e sendo felizes (e ela sempre amuada).
Até quando ele sai para fazer Copper (jogging) e morre num acidente (não mostrado). Naturalmente isso só a faz ser ainda mais chata, rejeitando a família inteira (que some de cena), mas mesmo assim não apenas continua trabalhando numa empresa, como o chefe dela fica perdidamente apaixonado (deve gostar de sofrer, porque ela numa empresa de vida real não duraria 10 minutos com sua antipatia).
Enfim, deve ser essa a proposta do filme porque forma-se um triângulo com o patrão quando sem qualquer explicação ela beija um sueco da empresa, o belga François Damiens, devidamente desajeitado, que é outro que vai sofrer nas mãos da imprevisível heroína. Aí logo o filme termina de uma maneira bem terna, até poética, coisa de francês.
Ou seja, é um filme esquisito, que pode ser curioso, principalmente para as mulheres que terão mais paciência com Nathalie/Audrey. Um homem normal já tinha mandado ela passear faz tempo.