Reunir um grupo de atores atraentes e interessantes é a maior qualidade desta produção franco-britânica, rodada em Nova York. Por outro lado, seu pior defeito é não saber o que fazer justamente dessa gente que fica perdida com um roteiro que faz da banalidade sua principal atração. Não sei o que incomoda mais, o fato da historinha ser tão básica, tão simplista e reducionista, ou sua falta de originalidade, verve ou talento. Nem chega a ser ruim. É bobo, dinheiro desperdiçado.
É provável que você espectador tenha uma história mais interessante a contar sobre esse mesmo tema: infidelidade e tentação extraconjugal. Joanna (Keira, apagada e sem vibração) está casada com um homem de negócios Michael, que ela suspeita que está interessado por uma colega de trabalho, Laura, que ele mesmo contratou faz pouco tempo (Eva Mendes). Para piorar tudo, o papel do marido é feito pelo astro de Avatar e Fúria de Titãs, o impávido Sam Worthington, com sua habitual inexpressividade.
Quando Michael viaja a negócios surge a tentação de ter um casinho rápido com a colega e como Deus é justo, Joanna não fica atrás. Acaba encontrando um ex-namorado francês que está de visita na cidade (o ator e diretor Canet de A Praia e na vida real companheiro de Marion Cotillard, que já é por si só uma recomendação). Os dois começam a flertar e vão jantar com outras pessoas sofisticadas (como Griffin Dunne). Então corre paralelo a situação, trair ou não trair. É o tipo da situação que o cinema francês fazia e faria com frequência e com mais “savoir faire”. Poderia ser muito bem um filme da antiga Nouvelle Vague, se tivesse mais charme, elegância, humor. Estreia na direção de uma realizadora iraniana que escreveu antes aquele horrível Camisa de Força, com Adrien Brody e a mesma Keira.