Crítica sobre o filme "Contrabando":

Rubens Ewald Filho
Contrabando Por Rubens Ewald Filho
| Data: 26/04/2012

Faz tempo em que não tenho tanta vontade de sair de um cinema no meio de um filme quanto neste aqui (é contra meus princípios fazer isso, faço de tudo para ficar até o fim, mas juro que neste caso foi difícil). Tudo é tão vulgar, tão previsível, tão bobo, que foi um sofrimento. Não consigo entender como Mark Wahlberg entrou nessa (ele continua a ser o sempre ator discutível de sempre, faz tudo igual e sempre sem envolvimento, mas tem demonstrado maior percepção como produtor, ao menos até agora).

Não havia porque Marl se envolver num projeto tão fraco como este (o filme na ausência de coisa melhor ficou em primeiro lugar nas bilheterias chegando aos razoáveis US$ 66 milhões para um orçamento de US$ 25 milhões comprovando que ele é bom negociante).

Esse diretor Baltasar Kormakur é islandês e já veterano produtor e diretor (vimos dele aqui em DVD A Fraude/ a Little Trip to Heaven, um filme esquisito com Forest Withaker, Julia Stiles). Ele está aqui refazendo um trabalho de 2008, inédito entres nós chamado Reykjavik-Rotterdam, de Oskar Jonasson, em que justamente Baltasar tinha feito o papel principal e também sido co-produtor.

Engraçado que fazia tempo que não via um filme sobre esse tema contrabando (não esqueça que sou de Santos, o maior porto do Brasil), mas não precisa ser tão mal contado. A ação aqui começa em New Orleans, onde teoricamente Wahlberg é um contrabandista reformado, que agora tem um emprego legítimo (instala aparelhos de segurança), além de estar casado e com filhos (a inglesa e já quarentona Kate Beckinsale está miraculosamente mais bonita do que quando jovem, mas seu papel é um nada total).

O problema do herói é seu irmão mais novo que se envolve num caso de tráfico mal sucedido e fica devendo uma fortuna para um jovem chefão, Tim Brigss (Giovanni Ribisi, tem a pior interpretação do ano, num dos tipos mais forçados e exagerados da história do cinema. Ele próprio se supera em canastrice. Sua presença é constrangedora e isso fica ainda mais claro porque compete com Ben Forster, outro ator composto que faz o sócio e amigão do herói. Ben, porém, tem talento e consegue segurar a barra).

Como se isso não bastasse, tudo o mais é inverossímil. Para pagar a dívida do irmão, Mark inventa uma história de ir buscar dinheiro falso no canal do Panamá! E quando não dá certo, ele insiste indo procurar um outro bandido tresloucado (o mexicano Diego Luna). Aí tem uma correria para pegar o navio (aliá, tudo que envolve o plano é absurdo, mas nada igual ao que eles fazem para conseguirem chegar a tempo ao navio que está para zarpar e como antes o fizeram colidir!). E pretendem também criar uma ironia com uma obra de arte que foi roubada e que os mal informados agentes de polícia não são capazes de identificar!

Deve existir algum filme sobre contrabando com trama decente que mereça ser feito. Mas não é este aqui, um dos piores que já vi.