Crítica sobre o filme "Perseguição, A":

Rubens Ewald Filho
Perseguição, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/04/2012

Este foi o filme de maior bilheteria nos EUA na semana de estreia (e chegou a decentes |US$ 52 milhões) que os analistas creditaram ao prestígio de Liam Neeson, nesta sua fase de filmes de ação. Acontece que desde que ele perdeu a esposa Nastasha Richardson num acidente horrível de esqui no gelo, resolveu esquecer se dedicando ao trabalho. Isso ao mesmo tempo em que fazia sucesso com um filme de ação europeu (Taken/ Busca Implacável, 08, do qual aliás, acabou de fazer uma continuação).

Apesar de já maduro (nasceu em 1952!) ele continua convincente e parece estar em tudo que é novo filme (incluindo a continuação de Fúria de Titãs, onde foi Zeus, a super produção Battleship - A Batalha dos Mares, Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge). Neste aqui ele volta a ser dirigido por Joe Carnahan, que apesar de ter errado com ele em Esquadrão Classe A, antes tinha feito os promissores Narc e A Última Cartada.

É engraçado como a gente sente a mão de um diretor num filme, mesmo quando não tem um estilo em particular. Mas é um capitão comandando um navio, dando uma unidade, uma linha, mostrando o que está pretendendo enfatizar ou destacar. Esta é basicamente uma história de sobrevivência passada numa região gelada, aparentemente do Alaska.

Não traz muita novidade a não ser talvez o fato de voltarmos a enfrentar um dos mais velhos inimigos do homem ao menos no cinema, que é a alcateia de lobos famintos. Nada de ETs ou inimigos mais esquisitos. É uma luta entre homem e besta, lutando pela vida cada um por si (o lobo também tem que sobreviver naquela região nevada). E não se trata de lobisomem, é lobo normal mesmo. Inclusive não foram feitos com efeitos digitais, mas pelo sistema de “animatronics” (mais ou menos o usado pelos Muppets), ou seja mecânico.

Neeson faz um sujeito em crise (não se explica direito do que a mulher bela e jovem morreu, mas ele tem sonhos recorrentes dela na cama, até se confundindo realidade e fantasia). Trabalha numa refinaria de petróleo e ele tem a missão justamente de matar os lobos e evitar que ataquem os empregados. Quando estão vários deles viajando de avião (também se não diz direito de onde para onde ou porque), sofrem uma pena e caem em pleno deserto gelado (a cena do acidente é muito bem-feita sem ser explícita demais). Escapam com vida apenas alguns deles, se não me engano sete. Que iniciam então uma viagem para tentar chegar em algum lugar, onde haja menos tempestade de neves, menos frio.

Só que logo percebem que o pior inimigo são os lobos (e armados de archotes de fogo eles veem apenas os olhos dos bichos brilhando no escuro) que são implacáveis adversários. O pequeno grupo somente de homens vai enfrentando perigos (montanhas, desfiladeiros, muita neve, árvores) num filme enxuto, sem conversa fiada e sem concessões, até mesmo no final. A princípio a conclusão me pareceu abrupta, naquele estilo atual de simplesmente deixar tudo no ar. Mas aqui parece que não havia saída melhor. No final das contas como filme B chega a funcionar.