É impressionante como Romy Schneider resistiu ao tempo. Continua belíssimo, com um rosto forte, moderno, devastador. Este é um dos melhores trabalhos de sua rápida carreira ceifada ainda em pleno esplendor.
Ela ganhou por ele um César de melhor atriz, teria outro depois por Uma História Simples, em 79 (outras indicações por desenho de produção e montagem). Parece que a própria Romy considerava este seu melhor trabalho, já que teve a chance de passar por diversas emoções, sempre com entrega total.
Normalmente o diretor Zulawski costuma estar ainda mais delirante do que aqui, onde se fixa basicamente no casal central. Aliás, quem surpreende é o galã italiano Fabio Testi (ainda vivo e trabalhando hoje em dia, ele foi revelado em O Jardim dos Finzi Contini de DeSica, Addio Fratelo Crudele, não cumpriu a promessa que revela aqui. Um homem bonitão e sincero que dá veracidade ao seu drama de amar uma mulher, melhor dizendo uma atriz, que é casada e feliz com outro e que aos 30 anos tem uma carreira irregular e mal-sucedida).
Outra figura intensa é o célebre Klaus Kinski (1926-91), que tem quase uma participação especial e faz um ator que tenta levar Romy numa montagem de Shakespeare. E como o marido está o músico e cantor Jacques Dutronc, que é o eficiente contraponto.
O filme flerta com algumas cenas de orgia e violência, mas isso hoje não impressiona mais. Passou mesmo a estranheza e os excessos de clima que antes provocava. Hoje fica a história de amor e a máscara de Romy.
É baseado num livro chamado, curiosamente, La Nuit Americaine (mesmo nome do clássico de Truffaut), que foi escrito por Christopher Frank, também adaptador junto com o diretor polonês Zulawski (que, na época já, era famoso também no Brasil porque aqui fez muito sucesso o seu filme Possessão).