Crítica sobre o filme "Como Agarrar o Meu Ex-Namorado":

Rubens Ewald Filho
Como Agarrar o Meu Ex-Namorado Por Rubens Ewald Filho
| Data: 12/04/2012

Esta deveria ser a primeira de uma série de filmes inspirados numa bem-sucedida franquia criada por Janet Evanovich, sobre uma caçadora de recompensas. Mas pelo jeito não tem sorte porque já houve uma tentativa anterior com um telefilme também chamado One for the Money (02, Lynn Collins, Tyler Christopher, como durava só 60 minutos tem cara de filme piloto que não foi aprovado).

Este também não foi bem (custou 40 milhões e não rendeu mais de 26 milhões). A culpa me parece ser da diretora, que é uma britânica premiada, veterana de muitos episódios de séries de TV e que fez antes o fraco melodrama A Última Canção, com Miley Cyrus.

Já escrevi antes aqui sobre o filme porque ele traz um retorno ao cinema de Debbie Reynolds. O problema é que ser fã (que vem de fanático) não me deixa cego nem surdo. Sempre estive consciente que na ânsia de agradar, Debbie, por vezes, cai no exagero, na caricatura, principalmente na televisão.

Ou seja, não é que ela não saiba fazer, é que os diretores têm medo de dirigi-la (o que por sinal sucede sempre com os monstros sagrados), o que deve ter sido o caso aqui dessa senhora chamada Julie Anne Robinson. Sua inexperiência fica evidente também em como ela não sabe contar a história no tom certo, mistura policial com comédia e nem sequer valoriza a charmosa e interessante Katherine Heigl que faz a protagonista.

E que aqui tenta variar do gênero comédia romântica que está chegando a exaustão. A heroína chamada Stephanie Plum perdeu seu emprego de vendedora de roupa de baixo e seu primo lhe consegue um emprego como caçadora de recompensas, aquela profissão bem americana de ir atrás de pessoas que fugiram depois de conseguir que uma agência pagasse a fiança para ficarem fora da cadeia pelo crime que cometeram.

Mais ou menos com sucedia no velho Oeste. A graça seria que ela é inteiramente incompetente com armas e com investigações e ainda por cima tem que encontrar uma ex-transa (não é bem namorado, ela ficou com ele, mas este sumiu na manhã seguinte, deixando-a até agora com muita raiva e desejo de vingança).

O papel desse policial que está sendo perseguido pelos colegas e pode ou não ser inocente é feito por Jason O´Mara que não me deixou maiores lembranças (ele é o irlandês das séries: a fracassada Terra Nova, a difícil Life on Mars).

Nem precisa dizer que os dois brigam muito, entram em tiroteios e confusões e naturalmente voltam a se envolver. O problema com o filme é que a diretora não sabe conduzir a história, não explica direito qual o papel de outro policial que aparece de vez em quando para ajudar a heroína (feito pelo mulato da Broadway Daniel Sunjata, que também está em 12 horas, estreia desta esta semana, e é muito mais carismático que O´Mara e dá a impressão de ser o parceiro dos livros seguintes).

Assim as sequências que deviam ser divertidas não têm graça, a identidade do vilão é mais do que óbvia e várias coisas são absurdas (como a prostituta que fica amiga).

Nessa confusão sem graça, Debbie faz justamente a avó de Stephanie e tem quatro ou cinco cenas pequenas de comédia, que ela faz com todas as caretas do mundo. Um exagero de envergonhar Zorra Total. A sequência com o revolver então, que aparece no trailer, é uma calamidade. Vira a estrela da chanchada!

Claro que me sinto triste ao falar mal de Debbie, mas também de Katherine que é das minhas favoritas. Mas infelizmente é a verdade.