Crítica sobre o filme "Toda Prova, A":

Rubens Ewald Filho
Toda Prova, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 12/04/2012

Este é aquele famoso filme do diretor Steven Sodebergh que descobriu uma lutadora autêntica da MMA (Mixed Martial Arts) Gina Carano e resolveu transformá-la em estrela, escrevendo uma história especialmente para ela além de reunir o maior número possível de astros famosos: Michael Fassbender (Shame, Um Método Perigoso), Ewan MacGregor, Michael Angarano, Channing Tatum, Michael Douglas e Antonio Banderas. O resultado teve até boas críticas, mas foi totalmente rejeitado pelo público que o transformou em total fracasso (não passou dos US$ 16 milhões de renda!).

Vocês já sabem o que eu acho de Soderbergh e sua mania de desperdiçar tempo em projetos abaixo de seu talento, como se fosse uma corrida contra o relógio (ele fala em aposentadoria enquanto acumula filmezinhos menores que estão estragando cada vez mais sua reputação. Estranhamente a imprensa ainda não sacou qual a dele e continua lhe dando força!).

Aqui, não foi obrigado por nenhum mafioso ou coronel amante da Gina (pelo menos até onde se sabe). Parece que um dia ele a viu na televisão lutando e achou que seria interessante fazer um filme sobre uma mulher que sabe lutar de verdade! Mas em vez de fazer um filme poderoso como guerreiro (em DVD, procure ver) apenas mostrou cenas dela pulando de telhado em telhado e de vez em quando dando tiros. As lutas são sempre com os atores famosos, ou seja, são coreografadas e nada demais. Diria mesmo que medíocres, sem malabarismos (será que ele não contratou um diretor de luta errado? Não teria sido o caso de chamar algum chinês mestre no assunto!).

Gina é uma mulher relativamente bonita e uma atriz ausente. Nem chega a ser ruim. Seu rosto me lembrou um pouco aquela atriz do David Lynch, Cidade dos Sonhos, não a Naomi Watts, que virou estrela, mas a outra que não foi adiante, Laura Harring (e um pouco também a brasileira Nadir Fernandes).

Também o roteiro não é muito caprichado, apenas uma variante na velha história das traições dentro do mundo da espionagem e serviço secreto. O vestuto Michael Douglas faz o chefão dos americanos, mas o roteiro de Lem Dobbs (The Limey/O Estranho, Cartada Final, Dark City) começa com a heroína, Mallory Kane, que trabalha para uma grande organização quem presta serviço aos americanos, como operadora, ou seja, agente de campo.

Ela está no Canadá, sendo perseguida, quando entra numa lanchonete, onde é atacada por um jovem colega, o super canastrão Channing Tatum. Mas é ajudada por um rapaz que está presente no local (Aragano) e para quem ela vai contar sua história, enquanto procuram fugir da polícia. Mostra então a missão que ela teve que fazer em Barcelona, onde o chefão local era Banderas. Seu trabalho era resgatar um prisioneiro, o que acaba não acontecendo como se esperava. O passo seguinte é Dublin, Irlanda, quando descobre que foi traída e é preciso usar todos os recursos e artimanhas para conseguir escapar. Ewan faz o chefe direto dela, Fassbender é um colega que pode ser também um inimigo e tudo será resolvido numa casa no New Mexico.

Ruim? Nem tanto, apenas banal, sem brilho, fraco justamente naquilo que seria seu ponto de venda: as lutas. Esse público que gosta do gênero sabe o que quer e não faz concessões. Se não aprovou, é porque Soderbergh errou mesmo.

PS.: Ainda assim dizem que Dona Gina vai fazer outro filme de ação, pelo jeito com orçamento ainda menor.