Crítica sobre o filme "12 Horas":

Rubens Ewald Filho
12 Horas Por Rubens Ewald Filho
| Data: 12/04/2012

O diretor brasileiro Heitor Dahlia (O Cheiro do Ralo) não tem escondido em entrevistas os problemas que teve nas filmagens deste seu primeiro trabalho nos Estados Unidos. Infelizmente no sistema americano, quem manda o produtor e o realizador tem a obrigação de filmar aquilo que está no roteiro, sem questionar muita coisa e sem qualquer direito aquela coisa tão importante e tão brigada que é o corte final. Ou seja, muito poucos conseguem isso (em geral eles têm a obrigação de entregar uma edição que acha boa e dali em diante, o produtor mexe no que quer, como quiser). Por causa justamente disso que vemos tanta gente brigando e, de vez em quando, alguém que ficou mais famoso e respeitado internacionalmente conseguir uma edição do que seria a versão do diretor.

É muito difícil numa produção independente onde todo o dinheiro é contado e limitado (mas na verdade, em grandes estúdios ainda é pior porque tem um monte de executivo que não entende nada, vive se metendo onde não é chamado e geralmente consegue estragar com a desculpa de que está consertando!). De qualquer forma, parece impossível alguém mexer num roteiro de uma escritora famosa e de sucesso como é o caso de Allison Burnett (Outono em Nova York, Sem Vestígios, Anjos da Noite - O Despertar). Como dizer para ela que o roteiro é simplista demais, que vai numa linha reta, sem desvios ou surpresas, que precisava ter soluções menos esperadas e seus personagens paralelos deveriam ser melhor desenvolvidos (lançam suspeitas, mas nada é levado adiante)?

O surpreendente do trabalho de Dahlia é que quando vi o filme nos EUA, na primeira sessão do primeiro dia achei que o filme funcionava (apesar do produtor/distribuidor de lá que tomou a decisão de não exibir o filme antes para a imprensa criando uma ma impressão, ainda assim o filme rendeu mais de US$11 milhões, que não é nada mal para suas ambições). Só parando depois para pensar que percebi que poderia ser melhorado. Mas o espectador casual vai embarcar no filme principalmente porque o elenco é bonito e interessante, começando pela estrela Amanda Seyfried, uma mulher interessante e capaz de segurar qualquer filme.

Ela interpreta Jill, que ainda não se recuperou do trauma. Dois anos antes foi sequestrada por um maníaco que a levou para um confinamento numa espécie de buraco ou caverna da qual conseguiu escapar miraculosamente. O problema é que poucos acreditam na história dela, suspeitando de alguma loucura, chegaram mesmo ao cúmulo de interná-la. Isso dificulta ainda por ela se comportar normalmente, mesmo quando vive com sua irmã numa boa casa e poderia ter uma vida normal. O problema é quando essa irmã, muito parecida com ela, também é sequestrada e a polícia não parece querer ajudar. Nem o namorado da irmã acredita e assim ela começa uma corrida contra o relógio investigando por conta própria.

Embarquei no filme também porque a direção me pareceu eficiente, usa bem os movimentos de câmera, a paisagem fotogênica de Portland, Oregon, me prende a atenção e faz bom uso do elenco, em particular Amanda. Faz o que pode e se não vai mais adiante é porque o script não ajuda. Se não está no papel, diz o velho ditado, não está na tela.