Se você procura um filme de pura ação e aventura, este não lhe serve. Também se está na esperança de assistir um romance como O Paciente Inglês, ou o esplendor visual de Lawrence da Arábia, tampouco vai agradar (embora qualquer filme de deserto seja influenciado por Lawrence). Basta saber que é um filme francês (ainda que falado em inglês) co produzido pelo dinheiro do petróleo do produtor Tarak Ben Ammar (há longo tempo entusiasta de cinema que levou George Lucas a filmar na sua terra Tunísia e financiou dentre outros, Baaria, Hannibal, Femme Fatale, com Banderas.
Parece que ainda em parceria com a Princesa do Quatar (foram feitos lá as cenas de mar). E mais engraçado ainda é que as filmagens ocorreram durante a recente revolução que derrubou o governo, mas parece que não há houve problemas.
Do lado positivo temos a direção de um cineasta de qualidade como o francês Annaud, vencedor do Oscar de filme estrangeiro por Branco e preto em Cores, e que depois fez trabalhos importantes como A Guerra do Fogo, O Nome da Rosa, O Urso, O Amante, Seis Anos no Tibet, O Círculo de Fogo. E a verdade é que fiquei interessado na história, já que não conhecia a história de como os árabes começaram a explorar seu petróleo nem como foram as negociações, por vezes sangrentas dentre as diversas tribos e sultões que viviam pelo deserto.
O filme certamente foi produzido porque acharam o ator certo que poderia fazer o papel central muito importante que é o do herói, Prince Auda já que havia sido revelado com O Profeta e ganhado diversos prêmios Tarah Ben Rahim. Ele é um ator muito particular, porque faz o mínimo possível, parece que não está representando como no começo do filme, onde parece um menino confuso e desajeitado, que aos poucos vai crescendo. A gente lê tudo que pensa em seu rosto, nos seus pensamentos e dessa forma vamos acompanhamento seu crescimento, seus conflitos e o que aprendeu nos livros (já que cuidava da biblioteca do palácio porque achavam que ele não servia para mais nada).
Como não é um assunto muito comum, é interessante descobrir coisas como que existem nascentes de água doce em pleno oceano de água salgada (um dos momentos mais curiosos do filme), embora certamente eles simplifiquem os conflitos entre as diversas tribos nômades que devem ter sido mais complicados e sangrentos do que ilustra o filme.
A história começa quando o Sultão Amar (Mark Strong, sempre um ator confiável a espera de ser descoberto) é forçado depois de perder uma guerra a deixar seus dois filhos sob os cuidados - na verdade reféns - de seu rival califa Emir Nesib (Banderas que está agora fazendo papéis característicos). Que é um rei sem fortuna.
Até quando aparecem os americanos já nos anos 20/30 (a cronologia fica meio confusa) que lhe propõe explorar o ouro negro que existe debaixo do deserto, num terreno que na verdade seria uma terra de ninguém, sem legitimo dono. E amar é contra, agora que os filhos estão já adultos. Quando o mais velho morre, é o mais novo que tem que demonstrar seu valor, o que se complica porque nesta altura já se casou com a filha de Nesib que ele ama desde pequeno.
E aí está um pouco discutível do filme, a noiva é feita pela atriz indiana Freida que é de você quer ser um milionário? Ou seja, é morena, não é árabe, mas deram uma americana que para eles tudo que é escuro é a mesma coisa! Acho um absurdo, mas enfim...
O filme abriu o Festival do Tribeca de Nova York e vai enfrentar uma batalha difícil, porque pretende ser didático e comercial ao mesmo tempo.