Crítica sobre o filme "Suplício de uma Alma":

Rubens Ewald Filho
Suplício de uma Alma Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/04/2012

Este foi o último filme americano do mestre Fritz Lang antes de retornar para a Alemanha e prosseguir sua carreira. Ele trabalhou para a RKO que já estava na época em processo de liquidação por seu dono Howard Hughes (tinha feito pouco antes outro filme lá que tinha o mesmo problema, No Silêncio de uma Cidade, 55).

O orçamento parece mínimo, com sets antiquados, fotografia de segundo time e uma pobreza generalizada que prejudica muito o resultado (dá a impressão também de que ele desistiu de lutar e fez apenas o banal). Teve problemas com o galã Dana Andrews (que muito acabado, naquela época não conseguia mais esconder seu grave alcoolismo) e também com a já não tão mocinha Joan Fontaine (ainda viva até hoje) que se preocupa mais em parecer elegante do que passar emoções.

Resulta num filme fraco apesar de uma história interessante e que na época com sua reviravolta final teve bastante repercussão (a tal ponto que foi refeita em 2009 como Acima de Qualquer Suspeita /Beyond a Reasonable Doubt, por Peter Hyams, com Michael Douglas, Jesse Metcalf e Amber Tamblyn).

A história mudou bastante. Agora é sobre um ambicioso repórter de TV que resolve provar que um promotor público com ambições políticas está forjando provas e, junto com um amigo, grava evidências de que é inocente num caso de assassinato. Só que esse amigo é morto e ele não pode provar sua inocência. Recorre então à assistente do promotor, a quem já namorava. Este filme americano que teve piores críticas naquele ano (nenhuma favorável) e ficou inédito em nossos cinemas, apesar da presença de Michael Douglas (que tem pouco mais do que uma participação especial).

É muito prejudicado pela direção do também fotógrafo Hyams, que insiste em fazer cenas escuras demais e que prejudicam o resultado, conservando um final inesperado semelhante, com desnecessárias cenas de perseguição de carro e fugas no escuro. Mas nada pode dar certo por causa do fraco casal central, o bonitão Jesse (Desperate Housewives) é dos piores canastrões e a mocinha Amber (filha de Russ Tamblyn) não tem carisma ou beleza. Decepcionante.

O mesmo se pode dizer deste filme agora numa revisão. A melhor coisa do original é a interpretação da atriz que faz a stripper, a loira e carismática Barbara Nichols (1928–76) que faz Dolly Moore e praticamente rouba o filme.