Crítica sobre o filme "Espelho, Espelho Meu":

Rubens Ewald Filho
Espelho, Espelho Meu Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/04/2012

O sucesso espetacular de Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton provocou as imitações e as várias e diferentes adaptações de outros contos de fadas para o cinema e mesmo televisão (série Once Upon a Time). Já tivemos a fracassada Chapeuzinho Vermelho, de A Garota da Capa Vermelho e agora este novo Branca de Neve foi pisoteado fim de semana passado nos EUA pelo fenômeno Jogos Vorazes (chegando por volta de 20 milhões de dólares que não é um desastre). Mas a verdade é que é um filme relativamente modesto feito em alguns sets de estúdio onde o diretor indiano Tarsem (de quem vimos faz pouco o fraco Os Imortais) usa toda sua criatividade – e visual esquisito, por vezes mesmo bizarro – para compensar - para compensar a ausência de mais recursos e efeitos especiais.

A principal atração é a interpretação de Julia Roberts. Pena que sua carreira esteja neste momento em declínio porque está em um de seus melhores momentos, nunca exagerada. Faz tudo com ironia, tempo certo de comédia e muitas vezes só ela e Nathan Lane (que tem um ingrato personagem de Primeiro Ministro) tem texto engraçado. Os outros fazem tudo a sério, mas o único que faz humor visual, ou seja, pastelão, é justamente o príncipe encantado que se revela um desastrado pretensioso. Armie Hammer, tão ruim em J.R., não se compromete.

O que estou querendo dizer é que o filme é propositalmente estilizado, fantasioso, aliás, como deveria ser. Julia como a rainha/madrasta e bruxa serve como narradora para relatar como despreza a enteada Branca (feita por Lily Collins, a charmosa filha de Phil Collins) que vive prisioneira no castelo. Eventualmente consegue fugir e ser socorrida pelos sete anões. Uma boa surpresa: é muito difícil encontrar “gente pequena” tão competente e bons interpretes como neste caso. Não fazem chanchada nem circo, são tratados com todo respeito e acabam funcionando.

Na verdade, eu me diverti bastante com o filme e isso pode acontecer com você desde que não o leve a sério. O problema talvez seja que ele não é propriamente para criança (embora elas possam assistir e mesmo gostar), nem para adultos. Talvez seja esse seu problema comercial. Mas dá para assistí-lo com facilidade.

PS – Adorei o título de Portugal, que tem um subtítulo: Há alguém mais Gira do que eu!