Crítica sobre o filme "Retrato de Mulher, Um":

Rubens Ewald Filho
Retrato de Mulher, Um Por Rubens Ewald Filho
| Data: 17/03/2012

Tenho particular simpatia por este clássico de suspense do mestre expressionista alemão Fritz Lang (1890-1976) que foi um de seus maiores sucessos de tal forma, que ele repetiu a dose com uma história muito semelhante no ano seguinte, inclusive com o mesmo elenco central, sua atriz predileta Joan Bennett (1910-90, na época muito parecida com Hedy Lamarr, a que imitava), o grande Edward G. Robinson (1893-73, um dos mais famosos intérpretes de personagens de gângster, mas também competente para fazer bons sujeitos que enveredam pelo crime como aqui) e Dan Dureya (1907-68, um dos mais sinistros vilões do cinema).

Foi em Almas Perversas (Scarlet Street). Ambos inclusive tinham o mesmo tipo de final inesperado que depois foi muitas vezes imitado (e por isso vai decepciona-lo um pouco. Além disso, copiaram várias vezes a trama de tal maneira que hoje ela é previsível). Ainda assim, Lang sabe narrar com precisão e humor, a derrocada de um anti-herói (preste atenção na conversa com os colegas no clube), que vai se envolvendo numa enrascada que pode levá-lo ao crime. Você acredita inteiramente na trama e por isso mesmo vai se irritar ao final.

O roteiro e a produção são assinados pelo roteirista de Vinhas da Ira e diretor de O Homem do Terno Cinzendo, Nunnally Johnson, que se inspirou livremente no livro de J. H. Wallis, de Once Off Guard. Chegou a ser indicado ao Oscar de melhor trilha musical (de Hugo Friedhofer e Arthur Lange). Era uma produção independente que foi distribuída pela United e hoje por causa disso licenciada da Fox.