Estranhamente este filme estreou no Brasil uma semana antes dos Estados Unidos (mas parece já ter circulado pela Ásia e Austrália) e corre o risco de se perder diante da má fama que Nicolas Cage está acumulando estrelando filmes de péssima qualidade.
Este modesto, mas razoável thriller foi feito na sua cidade preferida (New Orleans, sempre fotogênica, embora se mostre o lado dark da cidade) e é conduzido por um diretor australiano que já teve seus momentos de glória, Roger Donaldson (Sem Saída com Kevin Costner, 13 Dias que Abalaram o Mundo) e que parecia estar novamente melhorando (depois de Efeito Dominó).
A primeira surpresa é ver o nome de Tobey McGuire como produtor executivo (o que necessariamente não quer dizer que ele teve algo a ver com o filme, apenas que esteve interessado em estrela-lo em determinado momento).
Deixa esclarecer: Este é daqueles filmes que não tem porque se assistir em sala de cinema. Mas em casa, nas circunstancias certas, dá para ser consumido. Cage de cavanhaque faz um professor de literatura inglesa de high school (francamente ele tem cara de tudo menos disso e por isso seu personagem dá uns socos nos alunos mais rebelde) casado e feliz, até o dia em que a esposa (January Jones, de Mad Men, menos ruim que costume) é agredida e estuprada.
Ainda no hospital, ele é abordado por um desconhecido que lhe faz uma proposta de eliminar o sujeito (como sabe quem foi tão rapidamente nunca fica claro) desde que ele fique devendo um favor. É uma espécie de Esquadrão da Morte de Nova Orleans e que age de forma insidiosa porque já vimos isso antes em cenas paralelas onde eles eliminam envolvidos ou gente que tentou denuncia-los.
Parece que o chefão deles (ou ao menos, da célula deles), é um tal Simon (Guy Pearce carequinha e tão esquelético como sempre) que parece ter se descontrolado e agora manda matar a seu bel prazer. A frase/senha é “o coelho faminto pula” que parece ser muito popular por lá, pela quantidade de vezes que é repetida no filme.
Assim, o professor, alguns meses depois, é convocado para uma missão assassina: eliminar alguém que dizem ser um pedófilo perigoso. Sofrendo ameaças diversas e previsíveis, ele tenta prevenir o sujeito, mas algo dá errado e acaba sendo preso e depois libertado.
Seguem-se as perseguições de carro de costume e as diversas reviravoltas (embora eu tenha gostado da ideia de primeiro usar o Super Dome de quem os locais têm grande orgulho e depois um Mall, um shopping que estaria abandonado desde o furacão. Ou seja, o clímax é lá dentro, que não deixa de ser simbólico e tenebroso).
Não há nada de muito original nem em traições, ou reviravoltas (poucas) enquanto, como em outros filmes foi mostrado, a cidade é famosa por ser o Big Easy, um lugar onde para tudo se dá um jeito, pode ser comprado ou vendido.
Mas tudo na vida é uma questão de expectativa. Esperava-se um desastre e O Pacto é apenas um acidente sem maiores consequências.