Crítica sobre o filme "Sob o Domínio do Medo":

Rubens Ewald Filho
Sob o Domínio do Medo Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/03/2012

Todos os filmes de terror dos anos 80 e um pouco anteriores que foram refeitos, sempre resultaram em fracassos e produções inferiores. A mesma coisa sucede aqui neste remake desnecessário do clássico de suspense homônimo de 1971 que foi dirigido por Sam Peckinpah, mestre da violência e que teve Dustin Hoffman e Susan George.

No original, Dustin era um matemático americano (ou seja, supostamente menos sofisticado e mais inteligente do que o “Mauricinho” daqui, ainda mais prejudicado porque o ator Marsden é bonitinho demais para convencer).

Um lugar ermo da Inglaterra, na Cornuália, isolado de tudo é muito mais convincente de suceder algo assim do que numa cidade relativamente grande (eles envolvem na história até mesmo o treinador de um time de futebol americano – James Woods voltando a fazer vilão!) e tiram toda a sensualidade que no original era muito forte, tanto na sequência de estupro (o problema era que a heroína acabava por curtir transar de novo com o ex-namorado mesmo que a força) quanto na situação do sujeito maluquinho que gostava de crianças (aqui, esse dito pedófilo está é com uma gatinha super sensual que dá em cima dele, ou seja uma situação completamente diferente).

Apesar disso, o filme segue mais ou menos o original, mas se dando ao trabalho de explicar o título original (que Peckinpah simplesmente eliminou).

Num diálogo, Marsden explica o que são cães de palha. Segundo ele, na antiga tradição chinesa, em rituais chineses havia cães feitos de palha que eram paparicados e tratados com o maior respeito. Mas quando não eram mais necessários, eram jogados fora e pisados em cima (parece que a referência seria sobre os antigos campeões jogadores que agora adultos estão esquecidos e não têm profissão).

Não é essa a explicação do filme original (seria uma fala de um filósofo chinês Lao-Tzu que teria dito “Céu e Terra não são humanos, e olham as pessoas como se fossem cães de palha”). O original foi grande sucesso no Brasil por causa do erotismo e violência, que foi visto como um elogio ao uso da violência como forma de defesa por parte do homem comum, ou um alerta sobre a capacidade que ela tem de contaminar até o mais pacato sujeito.

Mas, apesar de o diretor Lurie ter feito filmes interessantes (A Conspiração, A Última Fortaleza), aqui fez a escalação errada do elenco (não aproveita bem nem a luta final – que é escura demais – nem o melhor deles, que seria o jovem longilíneo Alexander Skasgard, de True Blood, e que é filho do famoso ator sueco Stellan Skasgard).

Este longa nem saiu nos nossos cinemas depois do imenso fracasso nos EUA (custou 25 milhões de dólares e não rendeu mais do que 10). Aqui, a história custa bastante a desenvolver mas a batalha final contra os locais que tentam invadir a casa não tem o mesmo impacto (mesmo fazendo o xerife agora negro). Quando vão aprender a não refazerem o que já foi bem feito?!