Crítica sobre o filme "Tão Forte e Tão Perto":

Rubens Ewald Filho
Tão Forte e Tão Perto Por Rubens Ewald Filho
| Data: 23/02/2012

Foi uma surpresa ver este filme entre os nove indicados ao Oscar de Melhor Filme (não dá para acreditar que cinco por cento da Academia tenha votado nele como melhor do ano, requisito para entrar na lista!). Curioso pelo fato de ter dado outra indicação de Melhor Filme para o diretor inglês Stephen Daldry (que havia sido indicado antes como diretor por As Horas, Billy Elliot e O Leitor! Considerando que fez apenas quatro filmes é um número notável). O filme custou a ficar pronto e por isso nem foi considerado por alguns críticos (o Globo de Ouro não gostou dele mesmo, nem chegou a assisti-lo, assim como o SAG).

Meu problema básico é a escolha do garoto para o papel central, que é uma das crianças mais chatas, mais irritantes que o cinema já mostrou. Nada simpático, nada carismático, parece um malcriado e pretensioso moleque mimado cheio de vontades. Como todo o filme é em cima dele, o fracasso é inevitável.

O filme só estreou nos EUA agora há pouco e foi muito mal, aliás, como quase todos do Oscar menos Histórias Cruzadas. Apesar de tudo e do nome forte da presença de Tom Hanks e Sandra Bullock no elenco central, o filme não chegou ainda aos 30 milhões de dólares de renda. Ambos aparecem relativamente pouco, já que o filme inteiro está nas costas do desagradável menino. Que aliás se chama Thomas Horn e é um estreante. Há uma história curiosa de como ele foi escolhido. Acontece que ele participou de um famoso programa de perguntas e respostas da tevê americana, chamado Jeopardy. Durante a Kids Week (semana das crianças) ele participou com sucesso chegando a ganhar 31 mil dólares e ficar meio conhecido, o que levou ao filme.

A história por sua vez é de um livro de Jonathan Safran Foer (o mesmo de Uma Vida Iluminada) que eu dei uma lida (termina da mesma maneira que o filme, inclusive com aquele desenho que ele mostra para a mãe, que eu achei por sinal de gosto duvidoso). A adaptação foi de Eric Roth (Benjamin Button, Munique, Forrest Gump).

Basicamente é um filme sobre 11 de setembro (não se fala muito nisso porque até agora todos os filmes sobre o assunto foram rejeitados pelo público). Um garoto chamado Oskar Schell tem uma relação muito próxima de seu pai, apesar dos nove anos já tem uma personalidade formada, é francófilo, adora jogos e brincadeiras de busca ao tesouro e coisas equivalentes que brinca com o pai. Portanto é bastante intelectualizado.

Logo no começo do filme descobre que o pai estava nas Torres Gêmeas fazendo uma venda quando sucedeu o atentado. Ele fica traumatizado ainda mais porque não sabe lidar com a situação e nem ouve a última mensagem que o pai deixou na secretaria eletrônica. Esconde a mensagem da mãe e a fita também. Por outro lado, encontra uma chave misteriosa que ele acha que pode conter algum segredo ou mensagem que o pai lhe deixou.

Começa então uma busca incessante atrás do que poderia existir por trás da chave. Sua única pista é o nome de uma pessoa, o que leva a uma peregrinação através dos mais diferentes lugares de Nova York, não apenas Manhattan, mas os outros bairros. Uma das que encontra é justamente Viola Davis (indicada ao Oscar por Histórias Cruzadas) que está se separando do marido (Jeffrey Wright) e terá importância no resultado da busca.

Não se deve contar muito mais a não ser o fato de que ele tem uma avó que mora muito perto (Zoe Caldwell) e que hospeda em sua casa um sujeito muito esquisito, que não é mudo mas não fala, escondendo várias segredos. Esse senhor será o companheiro de pesquisas e aventuras pela cidade, sempre sem falar. É neste papel que está o ilustre e admirado ator sueco, o favorito de Ingmar Bergman Max Von Sydow (que foi merecidamente indicado ao Oscar de coadjuvante).

A resolução me parece elaborada demais e não me convenceu muito. Também a narrativa é normal, bem feitinha, sem enfatizar demais a tragédia. Mas não consegui de jeito nenhum ter empatia pelo herói (impliquei também como fato do filme minimizar o fato de que eles são judeus, não tem porquê). Diria mesmo que é o pior filme de Daldry.