Crítica sobre o filme "Motoqueiro Fantasma 2 - Espírito de Vingança":

Rubens Ewald Filho
Motoqueiro Fantasma 2 - Espírito de Vingança Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/02/2012

Se você não gostou do primeiro filme, vai odiar ainda mais esta continuação que na verdade não tem muito a ver com o original. É o que os americanos chamam de reboot, um recomeço, o que sucede quando eles não ficaram muito satisfeitos com o original e tentam criar nova franquia, esquecendo mais ou menos do que houve antes. Conservam, porém, Nicolas Cage, que consegue aqui os píncaros da ruindade com sua pior interpretação de todos os tempos, simplesmente porque faz caretas horrendas a cada vez que o diabo quer entrar dele e virar o motoqueiro em chamas (desta vez, aperfeiçoaram um pouco e assumiram que é apenas uma caveira flamejante toda escura).

O problema maior é que a produtora Columbia, embora assine como co-produtora, vendeu os direitos de distribuição para os independentes Steven Paul (pela Hyde Park, Imagination e Marvel Knoights!). Infelizmente eu assisti o filme dublado (em 3D que francamente não faz diferença alguma) e a voz de Cage virou a de cafajeste carioca, carregado nos Rs, principalmente na abertura e ocasionais cenas de animação (para acenturar sua origem de quadrinhos).

O que deve ter sucedido é que o orçamento era baixo (falam em 75 milhões, mas deve ser lorota), já que as locações foram no lugar mais barato para filmar do mundo, a Romênia (isso se nota nos interiores muito pobres, como no hospital, nos coadjuvantes horríveis e a única sequência que usa uma atração turística são as covas na Capadócia/Turquia e um anfiteatro romano). Tudo é visivelmente do segundo time, já que a filosofia é desde que esteja em chamas está valendo! Inclusive chamaram para fazer o diabo (aliás, muito desqualificado) o ator irlandês Ciaran Hinds que para mim é o pior do cinema britânico e compete em ruindade e caretas com Cage. E acaba ganhando!

É porque a história é altamente confusa e ambígua. Sabemos que Johnny Blaze vai parar na Europa Oriental (de verdade, porque é mais econômico filmar lá) mudando completamente de lugar e tempo do filme anterior. Seria porque ele quer se livrar do contrato que fez com o diabo (que o enganou e matou o pai de qualquer forma) e encontra com um tipo estranho que é Moreau, algum tipo de anjo bom (o melhor ator do filme é justamente Idris Elba, da série de tevê Luther, que da dignidade a tudo que faz).

Parece que o diabo está na terra corporificado em humano e fez um filho, um menino com uma mulher chamada Nadya (Violante). Johnny teria que levá-lo para ser protegido numa ordem religiosa (que descobrimos ser dirigida pelo coitado do Christopher Lambert(foto), que destruiu sua carreira e agora é constrangido a aparecer com a cabeça raspada e a cara toda maquiada de tatuagens!). Não faz muito sentido porque o motoqueiro em chamas quer praticar o bem e salvar o menino, que por sua vez também é filho do diabo (portanto, o Diabo-mór deveria ter mais poderes do que ele). Não é bem o que sucede, mas só eu mesmo para perder tempo procurando lógica num filme desses.

Não chega a ter nem muitas cenas de ação apesar de várias perseguições (a única sequência mais ou menos marcante é uma com uma roda mecânica em chamas e acaba impressionando mais o vilão, que quando toca em alguém faz o sujeito se desfazer em cinzas, aquele velho truque digital de muitos filmes), nem nas ruínas chega a marcar.

Quem dirigiu foi uma dupla: Neveldine é roteirista de Jonah Hex e dirigiu Adrenalina I e II e Gamer (ele assina apenas o sobrenome) e o parceiro Brian Taylor fez todos os filmes juntos (também é ocasional diretor, produtor e foi operador de câmera). Violante que faz a mãe do menino é italiana, filha do diretor e ator Michele Placido e esteve antes com George Clooney em Um Homem Misterioso. Johnny Whitworth que faz o vilão Ray é americano e esteve em muitos filmes (Os Indomáveis, Sem Limites, Gamer). O menino Fergus Riordan que parece promissor veio do filme Terror em Mercy Falls (mas há poucas referencias).

Incoerente e modesto, é apenas um filme B disfarçado de Super Aventura.