Crítica sobre o filme "Caldeira do Diabo, A":

Rubens Ewald Filho
Caldeira do Diabo, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 28/03/2020

Drama quase clássico, de grande sucesso e influência, que deu origem a "Dallas" e "Twin Peaks" (e que também originou uma série de TV, exibida de 1964-69, estrelada por Mia Farrow e Dorothy Malone). Baseado em famoso best-seller autobiográfico de Grace Metalious, foi o primeiro papel maduro de Lana Turner (1921-95), que ainda belíssima e com muita presença e charme interpreta a mãe de uma moça de 18 anos (muito atrapalhada por seu péssimo galã, o inexpressivo Lee Phillips, com um ridículo e falso cabelo grisalho).
O filme era extremamente sugerido para a época e causou furor não apenas a cena do estupro, discreta pelos padrões de hoje (e que deve ter ajudado Arthur Kennedy e Hope Lange a serem indicados ao Oscar de Coadjuvantes), mas também por mostrar a vida sexual dos adolescentes, coisa tabu na época. O filme foi indicado ainda para outros sete prêmios (Atriz para Lana, para Russ Tamblyn ex-ator infantil e malabarista em sua melhor chance no cinema além de "West Side Story", e Diane Varsi como Coadjuvantes, Filme, Direção, Fotografia, Roteiro Adaptado), sem ganhar nenhum.
A protagonista Diane, sensível e diferente, (1938-82) que foi descoberta para este filme, era uma jovem muito talentosa que largou a carreira no auge, em parte porque sofreu acidente em filmagem, que a deixou com uma cicatriz no rosto. Depois virou hippie e morreu cedo.
O filme logicamente não tem mais o mesmo impacto da época, já que foi muito imitado e os costumes mudaram. O elenco de apoio também é irregular, com atuações datadas, mas ainda impressiona e graças ao trabalho do diretor Mark Robson (1913-78), subestimado montador de Orson Welles, é padrão para melodrama dos anos 50.