Crítica sobre o filme "Stalker":

Felipe B. Brida
Stalker Por Felipe B. Brida
| Data: 12/03/2020

A obra máxima de Andrei Tarkovsky pela primeira vez em Bluray, numa edição definitiva, recém-lançada pela CPC-Umes Filmes - o filme também saiu em DVD pela mesma distribuidora e está disponível ainda em um box pela Obras-primas do Cinema, junto com “Andrei Rublev” (1966), outro grande filme do cineasta soviético.

Drama com ficção científica, inspirado no livro “Piquenique na estrada”, de Arkadiy Strugatskiy, “Stalker” é uma fita de arte única, com uma fotografia estarrecedora, que alterna colorido, preto-e-branco e sépia, o que coloca a história num lugar e tempo incertos (a impressão é de que seja um futuro apocalíptico, ameaçado por guerras). Misterioso, filosófico, é também um dos filmes mais complexos do cinema, em que os três personagens debatem religião, ciência e desejo, em longas sequências sem som algum (característica fundamental do cinema de Tarkovsky).

Tudo envolve dois homens intelectuais guiados por um stalker até uma região lacrada pelo Exército, onde ocorreu a queda de meteoritos. A área abandonada originou a chamada “Zona”, que poucos têm acesso, e segundo uma velha lenda, escondido por lá existe “O Quarto”, um lugar sagrado, que materializa os desejos. Esses três desconhecidos encaram uma jornada de autoconhecimento, de purificação da alma e da mente, para entender os mistérios da humanidade.

Ganhador do prêmio especial do Júri no Festival de Cannes em 1980, é um filme de difícil acesso, para público restrito, com passagens indecifráveis, que devem ser sentidas e não compreendidas... Tarkovsky em seu momento mais iluminado! (Outras obras complexas do diretor são “O espelho”, “Nostalgia”, “Solaris” e “O sacrifício”, aliás, toda a filmografia dele está disponível em DVD).

Curiosidade: parte da equipe, elenco e o próprio diretor morreram de câncer – as famílias associaram a doença às gravações do filme, que ocorreram em uma usina radioativa aparentemente desativada na Estônia, e por eles terem ficado muito tempo lá, contaminaram-se.