CARANDIRU (DVD DUPLO)

 

Com Luiz Carlos Vasconcelos, Mílton Gonçalves, Aílton Graça, Maria Luísa Mendonça, Aída Lerner, Rodrigo Santoro, Gero Camilo, Floriano Peixoto, Vanessa Gerbelli, Ricardo Blat, Wagner Moura, Caio Blat, Antônio Grassi, Rita Cadillac, Enrique Diaz, Sabotage

 

Diretor

Duração

Produção

Hector Babenco

147 minutos

2003, Brasil

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama

Columbia

21/11/2003

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Português (DD 5.1 e DD 2.0)
Inglês e Espanhol

Sinopse

Numa cela da Casa de Detenção de São Paulo, o popular Carandiru, dois detentos (Lula e Peixeira) se enfrentam num acerto de contas. O clima é tenso. Outro detento, Nego Preto, espécie de "juiz" para desavenças internas, soluciona o caso em tempo de dar "boas vindas" ao Médico, recém- chegado e disposto a realizar trabalho de prevenção à AIDS na penitenciária. O Médico depara-se, no maior presídio da América Latina, com problemas gravíssimos: superlotação, instalações precárias, doenças como tuberculose, leptospirose, caquexia, além de pré-epidemia de Aids. Os encarcerados lamentam, além da falta de assistência médica, de assistência jurídica. O Carandiru, com seus mais de sete mil detentos, constitui-se em grande desafio para o Doutor recém-chegado. Mas bastam alguns meses de convivência para que ele perceba algo que o transformará: mesmo vivendo situação-limite, os internos não são figuras demoníacas. No convívio com os presos que visitam seu improvisado consultório, o Médico testemunha solidariedade, organização e, acima de tudo, grande disposição de viver.

Comentários

Desde Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (1977), passando pelo pico de Pixote, a lei do mais fraco (1980), a filmografia do cineasta argentino-brasileiro Hector Babenco encontrou seus momentos mais estimados na visão crua da marginalidade do país. Na linha de Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, o novo Babenco, Carandiru (2003), extraído do relato em livro do médico de prisioneiros Drauzio Varela, vai buscar interpretar a sociedade de hoje no seio do banditismo. Se Ônibus 174 (2002), de José Padilha, metaforiza a reflexão sobre o país a bordo dum ônibus de linha do Rio de Janeiro, a realização de Babenco o faz tomando como signo a prisão de segurança máxima paulistana Carandiru, onde em dois de outubro de 1992 policiais fortemente armados se tornaram tão criminosos quanto suas vítimas ao promoverem o massacre impiedoso de cento e onze detentos. Um mar de sangue, eis o que se torna o filme de Babenco em seu final, em que a lavagem dos solos da penitenciária são imagens de melancólica ironia.

Se em Tudo bem (1977), de Arnaldo Jabor, um operário de construção civil mata outro numa briga por um banana, em Carandiru o início do conflito entre presos que veio a dar num motim e no morticícinio se dá a partir de algo tão banal quanto a luta por um espaço, numa cadeia para lá de lotada, para pôr a secar uma cueca. Antes deste desenlace, Babenco costura seu filme com histórias profundamente humanas. A aids na prisão, o casamento entre homossexuais, a briga homicida entre dois irmãos, o malandro negro que tem duas mulheres (e duas famílias), o modo como cada um veio parar ali. Poderia o analista evocar outro notável filme de prisão brasileiro: Memórias do cárcere (1984), que Nelson Pereira dos Santos tirou a sangue das entranhas do livro de memórias do escritor alagoano Graciliano Ramos. Claro: o médico Drauzio Varela não é Graciliano, mas Babenco sabe muito da emoção cinematográfica. O patético e o horror fazem de Carandiru uma fita cheia de vida: cheia de vitalidade. É verdade que, como dizem as imagens finais, a prisão de Carandiru foi varrida do mapa com sua implosão em dezembro de 2002; mas as histórias de seres humanos ali passadas permanecerão ecoando, na memória dos que sobreviveram depois de testemunharem e na de quem vir o filme de Babenco: esta uma das funções do cinema, eternizar certos eventos históricos importantes por sua contemporaneidade.

Para o espectador, resta o incômodo de confortavelmente assistir à miséria brasileira instalado passivamente numa poltrona ou sofá. (Por Eron Fagundes)

Extras

- DISCO 1 (idêntico ao de locação)

- Comentários em Áudio do Diretor Hector Babenco: Num tom narrativo, quase que cena a cena, Babenco acaba nos contando algumas curiosidadas, tais como: a cena para datar o filme é com um discurso de Fernando Collor, de quem ele tece um comentário; como foram feitas as roupas do casamento do personagem Lady Di; a briga final. Mas no geral, apesar de bastante interessante, o tom dado por babenco se torna um pouco cansativo e professoral.

- Trailer de Cinema (2:30 min)

- Teaser de Cinema (1:10 min)

 

- DISCO 2 (só disponível para venda direta)

- Cenas Excluídas: oito cenas que não entraram na edição final. Poderia ter o comentário do diretor, opcional, para sabermos o porquê das suas ausências. Se bem que algumas dá até pra saber.

- Erros de Gravação: duas cenas, “O Pulo do Gato”, com 15 segundos e “O Cão e o Gato”, com 36 segundos.

- Destaques da Trilha Sonora: três breves imagens mostrando as gravações da instrumentação de momentos da trilha, com um total de no máximo 2 minutos e pouco. Realmente pouco.

- Bastidores:

- Making Of: ótimo documentário, muito bem realizado, com bom roteiro, contendo o tradicional, entrevistas (inclusive com Dráuzio Varela, o autor do livro), cenas de bastidores, a direção de Babenco por trás das câmeras, informações técnicas etc. Com cerca de 32 minutos.

- Direção de Arte: novamente um ótimo documentário, com 24 minutos, abordando um dos aspectos mais importantes do filme, com entrevistas e alguns detalhes muito relevantes.

- A Transformação de Lady Di: rápido documentário, um pouco “oportunista”, pois o ator que faz a personagem é o “astro brasileiro” do momento, Rodrigo Santoro. Mas está bem realizado, porém outros personagens e mesmo interpretações bem melhores mereceriam o mesmo tratamento. Cerca de 5 minutos.

- Ensaio e Preparação do Elenco: interessante processo de preparação e ensaios de atores, com cerca de 10 minutos, bom para quem quer saber como é todo o processo preparatório de atores, sejam eles famosos ou iniciantes.

- Momento Histórico: excelentes reportagens ou documentários sobre o presídio mais famoso do século 20 em São Paulo, em suas mais importantes fases históricas:

- 1928 - Penitenciária do Estado: imagens, ainda mudas apenas com “áudio ambiente”, com 7 históricos minutos. Uma preciosidade, mas faltou um detalhe: quem fez este documentário, ou seja, seus créditos, já que é um documentário em curta-metragem do nosso cinema-mudo.

- 1992 - Globo Repórter – Massacre: trecho do programas da TV Globo, com 4 minutos e meio.

- 1999 - Globo Reporter - Casa de Detenção: idem, com 11 minutos.

- 2000 - Implosão do Carandiru: literalmente um momento histórico, mostrado por vários ângulos, em pouco mais de 1 minuto e 10 segundos.

- Filmografia do Diretor: informações de cada filme de Babenco e suas premiações, incluindo alguns com trailers, além de duas entrevistas com o Diretor. Bom exemplo de como se fazer uma filmografia.

- Notas de Produção: Notas de Produção (10 páginas em textos de interessantes curiosidades), Galeria de Fotos (clipe com 5 minutos com imagens de fotos do filme e seus bastidores), Jornal Vira-Lata (clipe com dois minutops mostrando a história em quadrinhos) e Créditos do DVD.

Críticas ao DVD

Tecnicamente o DVD está muito bom, o filme em formato Widescreen de ótima qualidade, o som com as duas opções necessárias (em 2 canais, melhor para assiste ao DVD quem TVs e 5.1 canais, para quem tem um equipamento de som que possua este recurso, o que, sem dúvida "transforma" o modo de se assistir ao filme, neste caso com ótima qualidade).

Os menus são medianos, alguns animados com cenas do filme no seu início. A embalagem acompanha o visual dado a todo o material de divulgação do filme (há uma brincadeira já comum de procurar as mesmas pessoas, pois houve um processo de multiplicação digital e claramente se nota as mesmas pessoas várias vezes na imagem da capa... mas isso já é coisa de quem não tem o que fazer, a de ficar tentando descobrir).

Este DVD para venda possui excelentes extras, um ótimo exemplo vindo do nosso cinema nacional. Há algumas ressalvas, pequenas, como a diferença de volume de áudio entre menus e extras, mas este disco a mais que vem com esta versão aumenta em muito o interesse pelo filme.

Mas tem um problema, que recém chamou a nossa atenção, a falta de legendas em português para os filmes brasileiros. Há muito tempo os americanos descobriram que há pessoas com deficiência auditiva que precisam das legendas para total compreensão da obra. Fica aqui o alerta.

Mas é um ótimo exemplar do cinema brasileiro, nesta versão melhor do que muitos filmes estrangeiros. QUe sirva de exemplo, pois vale ter em sua DVDteca.

Menus
Resenha publicada em 16/06/2004
Por Eron Fagundes (filmes) e Edinho Pasquale (DVD)

Seu comentário
 

Nome:

Autorizo a publicação.
  Email: Não autorizo.