DECLÍNIO DO IMPÉRIO AMERICANO, O (Le Déclin De L´Empire Américain )

 

Com Dominique Michel, Dorothée Berryman, Louise Portal, Pierre Curzi, Rémy Girard , Yves Jacques

 

Diretor

Duração

Produção

Denys Arcand

98 minutos

1986, Canadá

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama, Comédia

Europa Filmes

14/08/2004

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
DISPONÍVEL APENAS PARA LOCAÇÃO
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Francês (DD 2.0), Português (DD 2.0)
Francês, Português

Sinopse

Os professores de História Rémy, Pierre, Claude e Alain preparam um saboroso jantar no campo, às margens do lago candense Memphremagog. Na cidade, as amigas Dominique, Louise, Diane e Danielle fazem exercícios de musculação. Sob o suave outono, os intelectuais vislumbram o declínio quase invisível de um grande império. Desprezo pelas instituições, decadência das elites e queda da natalidade são sinais crepusculares. Tanto no clube do Bolinha quanto no da Luluzinha só se fala de sexo. Os homens falam das mulheres e as mulheres dos homens.

Comentários

Em O declínio do império americano (Le déclin de l’empire américan; 1986) o cineasta canadense Denys Arcand executa um modelo de cinema em que as ações dramáticas se passam inteiramente nos lábios das personagens; este tipo de cinema só pode ter vida quando a palavra brilha e o diálogo pode assim tornar-se interessante como centro da linguagem cinematográfica – numa palavra, cinema literário. O francês Eric Rohmer, o suíço Alain Tanner e o norte-americano Woody Allen são alguns realizadores que atingiram um nível elevado ao fazer um cinema de palavras em que o despojamento da imagem casa com o verbo solto na boca dos atores. Arcand não chega a ter o estofo dos diretores referidos: às vezes gorduroso demais, outras satisfazendo-se apressadamente com o transitório e o circunstancial, aqui e ali dispersivo em suas intenções. Mas, ainda assim, este seu filme mais conceituado, embora inferior a Jesus de Montreal (1989), permanece como uma obra que marcou as discussões cinematográficas dos anos 80.

À maneira dos franceses Alain Resnais em Providence (1976) e Bertrand Tavernier em Um sonho de domingo (1984), Arcand isola no campo um grupo de intelectuais da classe média canadense para se revelarem por diálogos em que inquietações transcendentes se misturam com puras trivialidades do cotidiano de qualquer um; é claro que Arcand parece mais postiço que Resnais ou Tavernier, suas incursões pela autoparódia intelectual em certos instantes não acham o tom adequado, mas logo o realizador dá a volta por cima e nos envolve com achados de espontaneidade de filmar. As relações entre homens e mulheres inunda as questões do filme, e os diálogos transbordam de referências sexuais; observe-se que esta realização foi o primeiro filme do mercado internacional que fez uma referência, ainda que breve e distante, ao então nascente problema da AIDS (lembremos que naqueles anos se supunha que esta doença estava atrelada ao homossexualismo do paciente).

Arcand estrutura seu filme em duas partes. Na primeira parte ele alterna imagens do encontro dos homens (no campo) com seqüências do encontro das mulheres (na cidade); na segunda parte as mulheres chegam ao campo, e homens e mulheres misturam seus diálogos. Sobre o universo ficcional retratado paira a tese exposta desde a aula que abre o filme: seria nossa época uma época de decadência (as facilidades dos costumes, a falência das instituições, epidemias, guerras) ou uma época de Renascença (as tecnologias avançadas, as comodidades)?

Em duas cenas distanciadas no corpo da projeção Arcand faz suas personagens citarem o filósofo Witttgenstein e o pintor Caravaggio. Curiosamente estes dois artistas (um da palavra, outro das tintas, pois o cinema, tal como Arcand o concebe, não é assim uma união de palavras e tintas?) foram retratados em filmes muito pessoais pelo inglês Derek Jarman, cineasta homossexual que morreu de AIDS há cerca de dez anos.

Um dos movimentos mais intensos do filme é aquele, depois da breve aula que serve de intróito à narrativa, travelling-para-a-frente que percorre o largo e extenso corredor duma escola enquanto os créditos desfilam na tela; ao cabo do movimento de câmara e dos créditos, uma mulher está entrevistando outra diante do gravador.

Visto pela primeira vez no Brasil em novembro de 1986 no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, a que compareci, na espaçosa Sala Glauber Rocha, no Hotel Nacional, e revisto em 1987 em Porto Alegre, o filme de Arcand, relançado nos cinemas em 2003, conserva ainda hoje os mesmos problemas e as mesmas virtudes que pude enxergar nele há dezessete anos: é um belo apanhado da superficialidade intelectual daquela época como de hoje. (Eron Fagundes. Leia mais críticas do colunista em Cinemania)

P.S.: O texto acima foi escrito em junho de 2003, quando o filme de Arcand foi reprisado em Porto Alegre. Meses depois, a visão de As invasões bárbaras (2003), marco do cinema deste início de milênio, modificaria bastante meus conceitos do cinema de Arcand. Para quem se interessa, meu texto sobre As invasões pode ser encontrado na cinemania de 2003.

 

Prêmio da Crítica em Cannes, indicação ao Oscar de filme estrangeiro são alguns dos prêmios deste excelente filme canadense (da parte francesa de Quebec). É no fundo um grande bate-papo (e por isso perde um pouco em vídeo) mas é inteligente, original, profundo e também engraçado. Mostra basicamente o que os homens falam das mulheres quando estão sozinhos (e o que elas falam deles também). Ou seja, quase sempre sobre sexo. São quatro casais universitários (por isso, o nível do papo é alto), um deles homossexual com medo de estar com AIDS (a situação dele é muito bem colocada), todos preocupados com seu prazer e satisfação. O título se explica pela tese de um deles: uma professora de História afirma que em toda a civilização onde a busca da felicidade individual é mais importante do que a coletiva é sinal de sua decadência. Excelentes atores, música clássica, bela foto, direção inspirada (como o plano de abertura). Mas o brilhantismo dos diálogos é o ponto alto. (Rubens Ewald Filho. Leia mais críticas e artigos de REF na coluna Clássicos)

Extras

- Trailer (legendado)

- Atores: biografia muito simplificada de Dominique Michel, Dorothée Berryman, Louise Portal, Pierre Curzi, Rémy Girard , Yves Jacques, com no máximo 1 ou duas telas para cada um. Fraco.

- Diretor: idem, um pouco mais completo, mais parece uma filmografia comentada.

- Produtores: idem

- Outros Lançamentos: capas de 6 lançamentos da distribuidora

Críticas ao DVD

Um excelente filme que mereceria um tratamento melhor em relação aos extras, bem fracos. Apenas o trailer e textos bastante fracos. Não deixa de ser bem oportuno, pois sua “continuação”, Invasões Bárbaras, está fazendo o mesmo sucesso. A imagem está muito boa, respeitando o formato original do cinema. O áudio, bom, original de época em dois canais. O filme supera toda a falta de extras, onde o seu conteúdo, profundo e bem diferente dos filmes de hoje, nos traz de volta “apenas” o poder da palavra, da conversa, das relações humanas. Não Perca. A não ser que seu tipo de filme predileto seja só com muita ação e efeitos especias. Um filme maduro, que não envelheceu com o tempo.

Menus
Resenha publicada em 25/08/2004
Por REF e Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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