DIRIGINDO NO ESCURO (Hollywood Ending)

 

Com Téa Leoni, George Hamilton, Mark Ridell, Treat Williams, Woody Allen, Debra Messing, Ivan Martin, Barbara Carroll

 

Diretor

Duração

Produção

Woody Allen

112 minutos

2002, EUA

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Comédia

Europa Filmes

15/01/2004 (locação)

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês e Português (DD 2.0)
Inglês, Português

Sinopse

Val Waxman é um genial cineasta vencedor de dois Oscar®, mas que não faz sucesso há anos. Ellie, sua ex-mulher, é a namorada do poderoso produtor de um grande filme, que indica Val para dirigi-lo. Pouco antes de começar as filmagens, ansioso com a oportunidade de voltar aos grandes dias, ele adquire uma estranha cegueira psicológica. Ajudado por um intérprete chinês e sem saber o que está fazendo, Val inicia as filmagens e engraçadas confusões começam a acontecer.

Comentários Sobre o Filme

Quem vir Dirigindo no escuro (Hollywood ending; 2002), o novo filme do norte-americano Woody Allen, imaginará que a notável sacada do cineasta cego é original do cinema de seu realizador, assim como o foram a do homem-camaleão em Zelig (1983), a da personagem-que-sai-da-tela em A rosa púrpura do Cairo (1985) e a da criatura desfocada em Desconstruindo Harry (1997). Allen às vezes se repete em suas incursões pelas narrativas intelectualizadas, de fundo europeu, mas aqui e ali apresenta metamorfoses bastante interessantes quando acresce à sua iconografia cinematográfica estas sacadas pessoais. Os três filmes aludidos e o atual Dirigindo no escuro estão entre suas realizações mais fascinantes graças a estes ícones que Allen expõe com tanta graça.

Não sei se Allen, cinéfilo empedernido, viu, mas a figura do cineasta cego foi erigida num dos episódios mais absurdos e perturbadores de O ataque do presente contra o restante do tempo (1985), a obra-prima do cineasta alemão Alexander Kluge que poucos conhecem e que é todavia um dos mais revolucionários filmes da história. Um cineasta cego dirige um filme e sua assistente lhe descrevia as imagens num copião. É claro que Allen está longe do sarcasmo crítico alucinatoriamente germânico de Kluge; Allen adota uma ironia muitas vezes mais leve e assimilável por seu público, intelectualizado mas indelevelmente preguiçoso para uma ousadia formal como a de Kluge. Se a personagem do cineasta cego não chega a ser nova no cinema, nova é a maneira muito pessoal com que Allen nos diverte compondo, como diretor e como intérprete, um ser que metaforiza todas as questões de seu cinema.

Narrado muitas vezes em harmoniosos planos-seqüência, evitando o habitual plano-contraplano – desde a cena inicial em que os produtores do filme dentro do filme, entre eles uma ex-mulher do protagonista, decidem por Val, o cineasta vivido por Allen, para dirigir o novo filme do estúdio -, Dirigindo no escuro é uma lama irônica que o realizador joga sobre Hollywood e o cinema atual, que às vezes dá mesmo a impressão de ser rodado por pessoas cegas, tantos são os defeitos que topamos na tela. Val tem uma cegueira psicológica às vésperas de começar a rodar o filme e todo o divertido jogo de gestos e metáforas é encenado e interpretado com extrema habilidade por Allen e sua turma.

Como ocorria em Celebridades (1998), Allen é bastante cruel em sua visão da imprensa como um mal necessário para o artista. A figura da repórter enxerida que ao mesmo tempo em que vai divulgar o filme vai intrometer-se demais no mundo privado de todos, é o símbolo da revolta do diretor contra os jornalistas desde a repercussão, no início da última década do século passado, de sua separação da atriz Mia Farrow para ficar maritalmente com a filha adotiva de sua ex-mulher, acrescendo que a nova esposa era quarenta anos mais nova do que ele.

Allen é inegavelmente feliz na conclusão de seu abotoado teorema cinematográfico, quando revela que houve quem (a imprensa americana) detestasse os resultados da realização do cineasta cego e quem (a imprensa francesa –“ainda bem que existem os franceses” é uma frase divertida de Allen no fim da fita) os amasse loucamente. Sintomático: independentemente da miopia do cineasta, seu cinema, com certas características européias (seus passeios pelo universo do sueco Ingmar Bergman, dos italianos Michelangelo Antonioni e Federico Fellini, do francês Eric Rohmer são palpáveis), geralmente é mais apreciado na Europa do que nos Estados Unidos. (Eron Fagundes)

Extras

- Diretor: filmografia de Woody Allen em 15 páginas de textos.

- Elenco: pequena biografia em texto dos atores Téa Leoni, George Hamilton e Mark Rydell.

- Entrevistas: de Allen (4 min), Téa Leoni (4:07), George Hamilton (3:27), Debra Messing (4:07), Mark Ridel (3:35) e Treat Williams (1:48), sobre os personagens, como trabalhar com o Diretor etc.

- Trailer (legendado)

- Outros Títulos: lista de outros DVDs da distribuidora.

Críticas ao DVD

Um filme delicioso, onde Allen volta à velha forma, com muito sarcasmo e humor inteligente. Tecnicamente um ótimo DVD, com formato de tela em widescreen respeitando o formato original de cinema. O áudio, como sempre acontece com os filmes do Diretor, apenas em 2 canais, mas possui a sempre interessante dublagem em Português.

Os extras, apesar de poucos, são razoavelmente interessante, Idem com relação aos menus, estáticos, mas um pouco confusos. A embalagem é graficamente interessante e informativa, sem erros.

Um DVD de Allen, ou seja, para quem gosta do estilo do Diretor. Mas um dos seus bons filmes, tecnicamente melhor do que encontrado habitualmente deste importante cineasta. Vale dar ao menos uma conferida.

Menus
Resenha publicada em 06/02/2004
Por Eron Fagundes e Edinho Pasquale


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