Com
Monica Bellucci, Vincent Cassel, Albert Dupontel, Jo Prestia, Philippe Nahon,
Stéphane Drouot, Jean-Louis Costes, Mourad Khima |
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93 minutos
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Cotações
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Som & Imagem:
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Filme:
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Extras & Menus:
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Geral:
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Áudio
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Legendas
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Vídeo
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Região
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Francês (DD 5.1 e DD 2.0 ) e Português
(DD 2.0)
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Português e Francês
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(LETTERBOX)
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Sinopse |
Apresentando
oficialmente no Festival de Cannes, Irreversível
ganhou as páginas dos jornais e revistas que
os registraram como uma obra com cenas de alto impacto
que mexem com as platéias. Trata-se da história
de Alex e Marcus, um casal apaixonado. Depois de
uma briga - que acontece numa festa onde também
está o ex-marido de Alex, Pierre a lindíssima
garota volta para casa sozinha. Num túnel
do metrô é atacada e estuprada por um
homem enfurecido. Com sede de vingança, Marcus
e Pierre procuram o estuprador pelas ruas e numa
boate. Estrelado por Monica Belluci. Estrela de Malena
e Matrix, uma das mulher mais sensuais do planeta
e seu marido na vida real, Vicent Cassel, Irreversível é um
filme que já entrou para a história
do cinema. |
Comentários
Sobre o Filme |
Antes
de mais nada, convém informar que Irreversível (Irreversible;
2002), filme francês de Gaspar Noé, é uma
narrativa cinematográfica tão formalista
que se torna problemático convertê-la
em palavras. A apresentação dos créditos
iniciais já é uma provocação
experimental, algo inusitado nos cinemas normais
e que me evocou os créditos do distante filme
brasileiro Brás Cubas (1985),
de Júlio Bressane: as palavras têm suas
letras justapostas de trás para frente, como
num espelho, produzindo uma incômoda dificuldade
de assimilação no público; há ali
um certo gratuito formal. Depois, o roteiro alinhava
as situações invertendo o tempo narrativo,
o que aconteceu por último aparece antes na
tela: começa pelo desejo de vingança
dos homens (o atual e o ex) da mulher estuprada,
a cena do estupro, a festa, a vida boa anterior a
tudo até chegar à gravidez dela, tudo
em ordem cronológica inversa. A primeira parte
da realização é construída
inteiramente de planos-seqüência móveis,
em que a obscuridade da fotografia e a trêfega
mobilidade da câmara tornam personagens e cenários
em abstrações quase invisíveis
(havia muito disto, e de maneira mais radical, nos
filmes do russo Sergei Paradjanov). Aí surge
a longa cena (filmada sem cortes, um intenso e extenso
plano-seqüência) em que a personagem da
bela atriz italiana Monica Belluci é estuprada
dentro de um túnel por um gigolô que
acaba de enfurecer-se com a pessoa que ele explora:
o longo plano é fixo (abdica da mobilidade
dos planos anteriores), a crueldade do plano com
o olhar passivo e irreversível do espectador é extraordinária;
a impressão de veracidade vem desta visão
fixa da câmara, a vulgaridade e a gratuidade
dos gestos das personagens, uma duradoura cena em
que o cineasta, exacerbando nos detalhes, exercita
as possibilidades sadomasoquistas do cinema; auxiliada
pelas palavras antiburguesas do cafetão e
pela sodomia violentamente praticada, a imagem deste
trecho leva mais adiante aquela seqüência
de O último
tango em Paris (1972),
de Bernardo Bertolucci, em que Marlon Brando sodomizava
Maria Schneider gritando impropérios contra
a família e sua educação moral.
O estupro de Irreversível é inesquecível
porque seu método de filmagem não é nada
amável com o espectador; o crítico
Tuio Becker, num de seus comentários da juventude
em Santa Cruz do Sul, incluído no livro Sublime
obsessão (2003), observava com muita
graça que na cena do beijo em Um corpo
que cai (1958), de Alfred Hitchcock, o assistente
sentia-se beijado; com maldade, pode-se afirmar que
na cena do estupro do filme francês aqui analisado
toda a platéia é incomodamente estuprada.
A
partir do estupro os planos-seqüência,
sem abdicar de alguns movimentos de câmara
tão arfantes quanto os do início, se
tornam mais fixos; por exemplo, a cena da mulher
com os dois homens dentro do trem do metrô,
discutindo trivialmente questões sexuais,
a afeição do cinema francês pelo
cotidiano é ali exacerbada. Só no fim
da narrativa é que os vertiginosos movimentos
circulares do início tornam: só que
agora no lugar dos espaços interiores, um
plano aberto exterior num gramado; e em vez da fotografia
excessivamente escura, uma luminosidade que ajuda
a entontecer o espectador.
Se
não fossem suas peças de escândalo, Irreversível dificilmente
poderia aspirar a ser exibido nos cinemas comerciais
por aqui: é dificilmente tragável pelo
público comum. É verdade que o realizador é incapaz
muitas vezes de tornar belo e profundo seu experimentalismo
com a linguagem: seu formalismo às vezes se
esboroa, especialmente na primeira parte da narrativa,
antes da cena do estupro, que é o que ilumina
a humanidade (ainda que baixa) do filme. Algumas
cenas extremamente fortes em sua criatividade como
cinema (a do estupro, a da conversa entre os três
no trem do metrô, os círculos concêntricos
finais) revigoram a estética de narrar de Irreversível,
obra de arte em que a amabilidade com o observador
passa à margem.
Contemplação
sobre a gratuidade do homem contemporâneo (há uma
corrente mimética entre a gratuidade analisada
pelo filme e a própria gratuidade do filme
como exposição), Irreversível corresponde
a uma forma cinematográfica que tem atravessado
as imagens de alguns inconformistas franceses de
hoje, como os cineastas Bruno Dumont e Mathieu Kassovitz:
radiografar com um incômodo senso do gratuito
nossa inapelável gratuidade como seres vazios
neste princípio de milênio.
(Eron Fagundes) |
Extras
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Elenco: textos com as biografias extremamente
simplificadas e filmografia selecionada de Vincent
Cassel (4 páginas), Monica Bellucci (3) e
Albert Dupontel (3). Totalmente dispensável,
já que não há nenhuma informação
relevante.
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Diretor: idem, com duas páginas de texto.
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Produtor: uma biografia um pouco melhor de Christophe
Rossignol, com 4 páginas.
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Co-Produtor: apenas uma breve filmografia, também
dispensável, de Richard Grandpierre, com uma
página de texto.
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Cena Deletada: uma cena com um pouco mais de 4 minutos.
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Making Of de Efeitos Especiais: um breve documentário
com um pouco mais de 7 minutos, interessante para
quem gosta desta parte técnica.
-Teaser
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Clipe
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Trailer
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Outros Títulos: apenas capas de 8 outros lançamentos da distribuidora.
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Críticas
ao DVD
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Um
DVD tecnicamente bom, com ótima qualidade
de áudio e de imagens, mantendo o formato
original de cinema, embora não otimizado para
quem tenha TV neste formato. Há os desejáveis
5.1 canais no idioma original e a dublagem em Português.
Os
menus são estáticos mas com bom
design, os extras medianos, até que enganam
bem. Todos legendados, o que é muito importante.
Um
filme diferente, perturbador, razoável, com uma boa
edição
em DVD. Não é espetacular, mas vale
dar uma espiada.
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Menus
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Resenha
publicada em 15/05/2004 |
Por
Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale
(DVD)
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Seu
comentário
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