Com
David Carradine, Keye Luke, Philip Ahn
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833
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SOM & IMAGEM |
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Vídeo
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Região
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Inglês (Dolby 2.0 nos extras, Dolby Digital 1.0 nos episódios)
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Inglês, Português, Espanhol
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Sinopse
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Os episódios de Kung Fu são ambientados
no Velho Oeste, tendo como protagonista Kwai Chang
Caine (David Carradine), um jovem monge shaolin sino-americano.
Enquanto ainda estava na China, Caine, num acesso
de fúria, matou o assassino de seu antigo
mestre Po. Fugindo para a América, ele vaga
de cidade em cidade em busca de um irmão que
não conhece pessoalmente, enquanto foge de
caçadores de recompensa. Em suas andanças
Caine prega os ensinamentos dos seus mestres, utilizando
as habilidades no kung fu sempre como último
recurso e apenas para defender os mais fracos e a
sua própria vida.
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Comentários
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Há décadas não assistia a um
episódio de Kung Fu, e rever agora a primeira
temporada da série, em DVD, é uma experiência
ambígua. No início dos anos 70 (o piloto
e os primeiros episódios foram produzidos
em 1972) a explosão das artes marciais no
cinema ocidental ainda estava para começar – Operação
Dragão, com Bruce Lee, estreou nos EUA somente
durante a exibição da série
por lá – mas Kung Fu, desde o seu início,
teve uma espécie de poder hipnótico
sobre os espectadores. Talvez fosse a então
incomum mistura de artes marciais com western, ou
então as mensagens pacifistas que, por vezes,
pareciam saídas diretamente dos tempos do “Paz
e Amor” quando recitadas pelo bicho-grilo Carradine;
mas o fato é que a série foi um grande
sucesso, inclusive no Brasil, quando exibida pela
Rede Globo. Hoje, os méritos e defeitos da
série ficam ressaltados.
Para
começar,
a escolha de David Carradine (que na época
recém estrelara um dos primeiros filmes de
Scorcese, Boxcar Bertha) para o papel do mestiço
Caine mostra-se pelo menos bizarra. Nos episódios,
todo mundo que o vê reconhece imediatamente
sua origem chinesa – já o espectador
tem que usar muita imaginação para
isso. E sua perícia no kung fu é, para
dizer o mínimo, canhestra. O ritmo dos episódios é lentíssimo,
sempre entremeado por flahsbacks onde o jovem Caine
(Radames Pera), apelidado de Gafanhoto, lembra alguma
lição aprendida com os mestres Po (Keye
Luke) e Kan (Philip Ahn). A coreografia das cenas
de luta, em tempos de Jackie Chan e Jet Li, é tosca,
e os ensinamentos da filosofia chinesa parecem saídos
daqueles e-mails edificantes que inundam nossos computadores.
De qualquer modo, como às vezes acontece com
certos programas de TV, há uma combinação
imponderável de fatores, ou qualidades, que
fazem com que eles entrem para a cultura pop como
verdadeiros cults. No caso de Kung Fu elegeria como
tais fatores o carisma pessoal de Carradine (que
apesar de não se encaixar fisicamente no papel
ganha a simpatia do espectador, com uma interpretação
que consegue transmitir a nobreza de caráter
e a simplicidade de Caine), alguns roteiros muito
bem escritos e até mesmo a idílica
trilha sonora de Jim Helms.
O
fato é que a
série marcou época e conquistou muitos
fãs, entre eles o diretor Quentin Tarantino,
que a citou em Pulp Fiction e, para interpretar o
Bill nos dois volumes de Kill Bill, convidou Caine
em pessoa - David Carradine. Apesar do público
de hoje estar acostumado às acrobacias marciais
mirabolantes de filmes como Matrix e O
Tigre e o Dragão, aconselho, a quem não conhece,
a assistir Kung Fu em DVD. Afinal foi uma série
de TV original na sua época e, ainda hoje, é um
produto único, onde a arte marcial é usada
essencialmente não para agredir ou matar,
ou ainda para criar seqüências de ação
alucinantes, mas principalmente como um meio na busca
da paz e harmonia espiritual do ser humano.
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Extras
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O pacote apresenta dois extras de ótima qualidade:
os documentários "Do Gafanhoto a Caine:
Criando Kung Fu " e "O Tao de Caine: a
Produção e muito mais", cada um
com quase meia hora de duração e legendas
em português. Ambos são muito interessantes
de se assistir, abordando questões relativas à produção
da série e certas polêmicas na época
de sua criação, como o de usar um tema
potencialmente violento para pregar a paz e a harmonia,
e a escolha de Carradine para o papel principal.
Carradine explica como suas habilidades de dançarino
facilitaram seu desempenho nas cenas de luta, a inspiração
em Bruce Lee na abordagem filosófica e pacifista
dada a Caine, etc. Contudo, o que mais chama a atenção é a
quantidade de pessoas envolvidas tentando atrair
a paternidade da idéia para si. Hoje se sabe
que a idéia de Kung Fu foi de Bruce Lee, no
entanto o roteirista Ed Spielman apresenta-se (e é creditado)
como criador da série, e o produtor Jerry
Thorpe também tira a sua casquinha. O diretor
John Badham, que colaborou no início da produção,
foi o único que reconheceu o envolvimento
de Lee na sua criação. Um outro sujeito,
que se não me engano era o presidente da Warner à época,
até cita Lee, mas como se ele tivesse apenas
feito um teste para o papel de Caine, sendo no entanto
dispensado porque “não conseguiu se
fazer entender”. A triste verdade é que
o envolvimento de Lee foi totalmente eliminado porque
tanto a Warner como a rede ABC acreditavam que o
público norte-americano não aceitaria
uma série criada e estrelada por um asiático.
Se eles pudessem adivinhar…
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Críticas
ao DVD
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Os seis discos do box-set contém o piloto
e os 15 episódios da primeira temporada da
série, onde se destacam as participações
especiais do pai de David Carradine, o veterano astro
de filmes de horror John Carradine, de seus irmãos
Keith e Robert, da atriz e diretora Jodie Foster
(então uma menina de 11 anos), de Michael
Greene, Moses Gunn, Robert Urich, Richard Hatch e
outros rostos conhecidos da época. Na Região
1, ao contrário daqui, a Warner utilizou apenas
três discos com material gravado nas duas faces.
Vantagem nossa, já que em cada disco ganhamos
uma imagem de Caine em ação, e foram
diminuídas as chances de o conteúdo
dos discos ser prejudicado por sujeiras ou arranhões.
Houve um fator que provocou uma certa controvérsia
nos EUA: esta primeira temporada de Kung Fu é,
toda ela, apresentada com imagem no formato widescreen
anamórfico 1.85:1. É óbvio que
nos anos 70 não eram produzidas séries
de TV com esse formato de imagem, e Kung Fu não
foi exceção, sendo originalmente filmada
na proporção 1.37:1 (um pouco acima
da proporção dos televisores convencionais).
Contudo
a Warner, para demonstrar seu comprometimento com
o formato de cinema, produziu novas transferências
em widescreen que, por vezes, apresentam pequenos
problemas de enquadramento ao cortar elementos acima
e abaixo da imagem. Isso não me incomodou
muito, mas os puristas alegaram que, como era um
produto criado para a televisão, deveria ser
preservado o aspect ratio original. E que os recursos
da Warner teriam sido melhor empregados na restauração
da imagem do que nestas transferências widescreen,
as quais, apesar de sua boa qualidade (levando em
consideração a idade da série),
por vezes apresentam riscos, sujeira e granulação.
Estes protestos parecem ter surtido efeito, já que
as especificações técnicas já divulgadas
dos DVDs da segunda temporada indicam que o formato
de tela dos episódios será fullscreen.
O áudio é somente inglês Dolby
Digital 1.0 (mono), onde os diálogos estão
claros e a música soa bem, apesar de em alguns
momentos estar mixada alta demais, com um pouco de
distorção. É uma pena que não
tenha sido incluída a dublagem original em
português, ela daria um toque especial de nostalgia
ao lançamento. As legendas estão disponíveis
em português, espanhol e inglês.
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Menus
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Resenha
publicada em
29/11/2004
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Por
Jorge Saldanha
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