MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA (Girl with a Pearl Earring )

 

Com Colin Firth, Tom Wilkinson, Scarlett Johansson

 

Diretor

Duração

Produção

Peter Webber

95 minutos

2003, Inglaterra

Gênero(s)

Distribuidora

Data de Lançamento

Drama

Imagem Filmes

19/11/2004 (locação)

SOM & IMAGEM
FILME
EXTRAS & MENUS
GERAL
Áudio
Legendas
Vídeo
Região

Inglês (DD 5.1), Português (DD 2.0), Inglês (DD 2.0)
Inglês, Português
Sinopse

A história passa bo sécilo XVII e retrata o momento da criação mais significativa do pintor Johannes Vermeer, que nasceu em 1632 e morreu aos 43 anos, em decorrência de uma possível crise de stress. Tendo sempre que pintar sob encomenda, em troca de dinheiro, ele se vê numa crise criativa até redescobrir a inspiração numa jovem criada que vai morar em sua casa. Ela é Grief, a humilde filha de um pintor de azulejo, que provoca a ira da esposa de Vermeer. Apesar de ter inspiração em fatos reais, a produção é basicamente uma ficção sobre o relacionamento entre o pintor e a criada e de como isto resultou numa obra-prima da pintura mundial.

Comentários

Este é literalmente um filme de arte. É a história, certamente inventada, da garota que posou para o pintor holandês Vermeer (Colin Firth) num de seus quadros mais famosos. Uma típica fita inglesa que é um exercício intelectual reimaginando as circunstâncias em que o artista vivia e criava. Ele tinha problemas com a esposa ciumenta, a sogra dominadora, os diversos filhos e principalmente com os patrocinadores, um mecenas metido à besta feito por Tom Wilkinson.

Segundo o filme, a garota (Scarlet Johansson, a mesma de Encontros e Desencontros e que por esse filme teve também uma indicação como coadjuvante ao Globo de Ouro) é uma servente do pintor, que teve que trabalhar porque o pai ficou doente. Ela namorava o filho do açougueiro (Cillian Murphy, de Extermínio) e ajudava Vermeer não apenas limpando seu ateliê, mas principalmente auxiliando-o a misturar as tintas (é curioso porque a gente nunca pensa nisso: como devia ser difícil conseguir tintas numa era pré-industrial).

Naturalmente a fotografia (de um português) tenta reproduzir o estilo de luz do pintor. Ou seja, tudo é muito bonito, requintado, artístico. Mas a fita não é nada especial, nem tem grandes chances comerciais. Nem Scarlett, que faz tudo direitinho, mas sua principal tarefa é ser parecida com a moça da pintura. E só isso. (Rubens Ewald Filho. Leia mais críticas e artigos de REF na coluna Clássicos)

 

Sabe-se que o filme Moça com brinco de pérola (Girl with a pearl earring; 2003), de Peter Webber, teve seu roteiro extraído da ficção escrita pela norte-americana Tracy Chevalier. Mas na verdade o minucioso rigor estético com que o cineasta elabora seu jogo de cores e luzes tem uma inspiração direta: as telas pintadas pelo artista holandês Jan Vermeer no século XVII. Aquilo que o cinema é antes de tudo, a beleza plástica da imagem, tem origens na pintura e depois na fotografia e não propriamente na literatura (que serve, é bem verdade, um certo suporte narrativo ao filme).

As obras cinematográficas que foram à pintura buscar seu coeficiente de deslumbramento perduram na memória do espectador. O norte-americano Vincente Minnelli em Sinfonia de Paris (1950) e o francês Bertrand Tavernier em Um sonho de domingo (1984) refizeram fotogramas inteirinhos à sombra dos mestres impressionistas franceses. A perversidade angelical do renascentista italiano Sandro Botticelli paira sobre as imagens do maravilhoso Piquenique na montanha misteriosa (1975), do australiano Peter Weir. Talvez Webber não logre impor seu trabalho na grandeza destes clássicos, mas, diante da precária vulgaridade do cinema contemporâneo, seu filme é um achado.

A estudada fotografia do português Eduardo Serra capta, com as possibilidades do cinema, a sensibilidade da mão pictórica de Vermeer. E a precisão da música de Alexandre Desplat marca bem o ritmo narrativo. A direção de elenco é notável; se Colin Firth é de fato um ator de grande interioridade, a jovem Scarlett Johansson (que faz sua criada e modelo) exubera no papel da sensível ingênua e perplexa diante de um universo estranho que se lhe abre.

Propondo uma curiosa reflexão sobre a ironia do conhecimento da arte, o filme estabelece uma relação quase indestrutível entre o refinado artista comprado pela aristocracia ignara mas endinheirada da época e a garota analfabeta que revela um surpreendente olho para a pintura. Um pouco à maneira de Celeste (1981), obra-prima meio esquecida rodada pelo alemão Percy Adlon, Moça com brinco de pérola mostra a atração primitiva que uma empregada pode sentir, meio obscuramente, por seu patrão intelectualmente superior; no filme de Adlon, eram as atrações da criada do escritor francês Marcel Proust nos anos finais dele (curiosamente, Proust é um admirador que se deleita bastante descrevendo em suas páginas as pinturas de Vermeer).

O grande plano fixo do quadro “Moça com brinco de pérola” na imagem derradeira da realização de Webber mostra a extrema fidelidade visual de sua narrativa ao processo estético de Vermeer. É como se houvesse uma co-direção entre o cineasta e o pintor. (Eron Fagundes. Leia mais críticas do colunista em Cinemania)

Extras

Há no início do DVD o trailer de “Querido Estranho”
- Filmografias: dos atores Colin Firth, Tom Wilkinson e Scarlett Johansson.
- Galeria de Fotos: 10 fotos de cenas do filme
- Trailer
- Novidades: trailers dos filmes “Menina dos Olhos”, “O Enviado”, “As Minas do Rei Salomão”, “Osama”, “A Casa dos 100 Corpos” e “O Cavaleiro e o Dragão”, todos legendados.

Críticas ao DVD

Em um filme cujo principal atrativo é sua fotografia, fica difícil elogiar a distribuidora, pois a imagem, apesar de muito boa qualidade, está no formato “full screen” para quem tem uma TV convencional, ou seja, corta as laterais do filme com relação ao original exibido nos cinemas. Mas a edição não está apenas razoável neste quesito: os extras são muito fracos. No geral, um bom filme para quem aprecia os chamados “filmes de arte” que não teve um lançamento “de arte”. Mas vale a sua locação.

Menus
Resenha publicada em 11/08/2004
Por REF e Eron Fagundes (filme) e Edinho Pasquale (DVD)

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