Estréia neste fim-de-semana, a nova versão do
clássico A volta ao mundo em 80 Dias,
de Júlio
(Jules) Verne (1828 - 1905), que pouca semelhança
tem com o filme anterior, de 1956 (veja
a nossa reenha aqui),
produzido por Mike Todd, trazendo David Niven e Cantinflas.
Aqui denominada
de Volta
ao Mundo em 80 Dias, uma Aposta Muito Louca (título
muito longo, inútil porque o público vai se referir
só a primeira metade dele), teve a história adaptada
ao estilo de Jackie Chan, que interpreta Passepartout, com
muita pancadaria estilo artes marciais, um rítmo frenético,
de chanchada, mas que entretanto, não chega a irritar.
Aqui Phileas Fogg (Steve Coogan) é uma variação
inofensiva do cientista maluco, que vive inventando coisas.
Ele aposta com o chefe da Academia Real de Ciências de
Londres que conseguirá dar uma volta ao mundo em 80
dias. Caso ganhe será o novo diretor da casa, se perder,
será expulso da academia. Na versão de 1956,
David Niven é um cavalheiro londrino de 1872 e aposta
com os sócios de seu clube fechado 20 mil libras esterlinas
que é capaz de realizar a viagem, então verdadeira
proeza para época.
A princesa indiana vivida nessa versão por Shirley
MacLaine agora deu lugar a uma francesa (a atriz belga Cécile
de France) e eles são perseguidos por vilões
chineses. E tem ainda a presença de Arnold Schwarzenegger,
como um príncipe otomano. Antes da versão de
Mike Todd, produzida em TODD-AO - processo de tela larga criado
pelo próprio produtor e utilizado pela primeira vez
na versão cinematográfica de Fred Zinnemann para
o musical da Broadway, Oklahoma (55) -, há tempo desativado,
teve uma versão alemã de 1919, de Richard Oswald,
com Conrad Veidt (Casablanca, O Ladrão de Bagdad). O
livro deu origem ainda, a dois filmes de animação
e uma minissérie de TV em 1989 com Pierce Brosnan. O
inglês Michael Palin dirigiu e participou no mesmo ano
de um documentário em 7 episódios recriando a
trajetória de Fogg narrada por Verne. Dirigida por Michael
Anderson a versão de 56 tinha a participação,
algumas meteóricas de 44 atores. Entre estes Marlene
Dietrich, como a dona de um cabaré em São Francisco,
no qual Frank Sinatra faz um pianista. No filme Fogg e Passepartout
viajam de trem, mas este é bloqueado por uma avalanche
e eles acabam tomando um balão, que cai na Espanha.
Ali, em troca de Passepartout bancar o toureiro, um xeique
milionário providencia um barco para que alcancem Marselha
e dali tomarem um navio para a Índia - onde os dois
salvarão uma princesa (Shirley) condenada á fogueira.
Isso é apenas uma parte do que acontece com Niven e
Cantinflas e apenas parte também do que é diferente
na versão atual. Júlio Verne teve vários
de seus livros filmados, destacando-se as ótimas versões
de 20 Mil Léguas Submarinas (54) e Viagem ao
Centro da Terra (59). O livro mais filmado foi Miguel Strogoff, um
precursor das aventuras modernas passada na Rússia do
século 18. Foram quatro desde o cinema silencioso e
uma continuação, O Triunfo de Miguel Strogoff.
A versão de 1956 foi lançada em São Paulo
na segunda quinzena de 1958, em plena Copa do Mundo. Re-inaugurando
a reforma do antigo Cine Ritz no nº 587 da avenida São
João, com o novo nome, Rívoli (em 81 voltou a
ser Ritz e depois foi fechado).
Carlos M. Motta