16
de junho de
2004
Se
acharam que Nicole Kidman ficou diferente em As
Horas, esperem
para ver Charlize Theron neste Monster (que
não se refere
apenas ao personagem, mas também a uma grande roda gigante
que a apavorou quando criança). A transformação é espantosa,
e o Oscar que ela levou, foi merecido. A sul-africana Charlize,
que é uma belíssima mulher (o que comprovei pessoalmente
agora no Festival de Cannes, onde apresentou a biografia de Peter
Sellers, já voltou à forma. É uma mulher
muito alta e bastante inteligente. Certamente a mais atraente
de sua geração com uma boa carreira em fitas como
O Advogado do Diabo, Doce
Novembro, A
maldição
do Escorpião de Jade e Celebridade de
Woody Allen). Para o filme ela conseguiu engordar (o corpo ficou
gordo e deformado,
o que é mostrado até sem roupa), ficar sardenta,
inchada, feia, repulsiva mesmo. Coisa nunca vista desde Robert
De Niro em O Touro Indomável, e que por
isso mesmo, lhe deu os principais prêmios do ano (inclusive
o Globo de Ouro). Nada mais merecido.
Ela
também é co-produtora do filme, que é de
uma firma independente (a New Market a mesma que topou distribuir
a fita de Cristo de Mel Gibson). E que foi dirigido por uma mulher,
Patty Jenkins, e baseado em fatos reais. Conta a história
da primeira serial killer (feminina) que foi condenada e morta
na prisão (na Flórida), uma certa Ailleen que era
prostituta desde os 13 anos, até ficar de caso com uma
garotinha (Christina Ricci, numa participação discreta,
mas boa).
Por
causa dela, primeiro mata em legítima defesa, depois
vai roubando e matando para ficar com dinheiro para sustentá-la. É uma
história pesada, narrada sem qualquer glamour e não
especial talento (por vezes lembra um pouco Garotos Não
Choram).O filme é visivelmente pobre, canhestro, realista
(as cenas de estrada são verdadeiras). Mas tem bom elenco
(Bruce Dern, Scott Wilson) e uma presença notável
de Charlize. A princípio fica-se com a impressão
de que ela esta super representando, exagerada. Mas ai se vê imagens
da mulher real e fica se impressionado com a semelhança,
como ela procurou copiar trejeitos, atitudes, postura. É um
trabalho estupendo numa fita que não chega a corresponder
(ou seja, ela carrega o filme, que é mal articulado).
Vale conhecer seu trabalho.
Por Rubens Ewald Filho
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