Crítica sobre o filme "King Kong":

Jorge Saldanha
King Kong Por Jorge Saldanha
| Data: 27/01/2006
King Kong, fruto do empenho do diretor e produtor Merian C. Cooper, é um clássico que em sua época revolucionou o modo de se fazerem filmes, abrindo caminho para as produções de fantasia e ficção científica que se seguiram. Certamente, após tantos avanços tecnológicos, seus efeitos especiais em stop motion parecem primários, e as interpretações demasiadamente teatrais. Contudo se, enquanto o assistirmos, o contextualizarmos e o situarmos na época em que foi produzido, fica fácil de perceber o porquê de sua perenidade. Nunca se havia visto no cinema uma história como aquela, com tanta ação, imaginação e um final genuinamente comovente. No aspecto técnico, filmes em stop motion não eram inéditos, o pioneiro Willis O’Brien, que criou os efeitos visuais de Kong, já utilizara o mesmo processo na versão muda de O Mundo Perdido (1925), baseada no livro de Sir Arthur Conan Doyle. No entanto, a interação obtida entre atores e bonecos animados, com a utilização de um conjunto de técnicas que somente há pouco foram abandonadas com o advento da computação gráfica (projeções de fundo, composição de imagens, pinturas em vidro), não tinha precedentes. E não esqueçamos que, na época de seu lançamento, o cinema sonoro ainda era uma novidade, e King Kong foi o primeiro filme a contar com efeitos sonoros sofisticados e uma trilha orquestral completa (estupenda, diga-se de passagem), com temas próprios para os personagens principais. Seu autor foi Max Steiner, que em 1939 criaria outra partitura clássica para outro filme idem, E O Vento Levou. Este clássico inaugurou um gênero de filmes que se popularizaria nas décadas seguintes – o de dinossauros ou outros monstros gigantes à solta, e se não fosse por ele não teríamos, entre outros, os Jurassic Park de Spielberg. Também inspirou incontáveis realizadores e técnicos em efeitos especiais, como Ray Harryhausen, que após colaborar com Willis O’Brien na versão original de O Poderoso Joe (1949), refinou a arte do stop motion em produções como A Milhões de Léguas da Terra (1957), Sinbad e a Princesa (1958) e Jasão e o Velo de Ouro (1963).