Crítica sobre o filme "Star Wars III: A Vingança dos Sith":

Jorge Saldanha
Star Wars III: A Vingança dos Sith Por Jorge Saldanha
| Data: 27/01/2006

Dezesseis anos se passaram entre o lançamento do último filme da trilogia original de STAR WARS (EPISÓDIO VI: O RETORNO DE JEDI, 1983) e o primeiro da nova (EPISÓDIO I: A AMEAÇA FANTASMA, 1999), e aos trancos e barrancos em 2005 finalmente chegou este EPISÓDIO III: A VINGANÇA DOS SITH (2005), o capítulo essencial onde testemunhamos a destruição dos Cavaleiros Jedis, da democrática República e a transformação do jovem Jedi Anakin Skywalker no mais célebre vilão do cinema, Darth Vader. Certo, A VINGANÇA DOS SITH continua sendo um típico filme de Lucas: nele temos diálogos piegas, atuações por vezes caricatas - excetuando-se, claro, Ian McDiarmid (Palpatine) e Ewan McGregor, que faz um soberbo Obi-Wan Kenobi - muitas criaturas e robôs exóticos e efeitos especiais numa profusão inédita. Mas também é um típico filme de STAR WARS, e digo isto no sentido positivo. Lucas mostrou ter absorvido boa parte das críticas feitas aos outros filmes da trilogia recente e realizou um capítulo no qual os acertos superam em muito os deslizes. Mesmo quem já esperava um capítulo mais sombrio e dramático ficou surpreendido. Aposto que ninguém imaginaria ver na tela cadáveres de crianças, ou mesmo uma descrição tão gráfica do destino de Anakin.

Finalmente, este foi o filme mais adulto, sério e empolgante que os fãs exigiam, o único da série a receber, nos EUA, a classificação PG-13. Em sua primeira metade, A VINGANÇA DOS SITH não difere muito dos filmes que lhe imediatamente antecederam. Mas nela já se nota uma trama mais sólida e focada, que não perde muito tempo com acessórios: desta vez o principal é a história, que tem como força motriz não Anakin, mas sim o Chanceler Palpatine e sua busca pelo poder. No início de sua segunda metade, até por saber de antemão praticamente tudo o que acontecerá, o espectador sente-se como uma testemunha da história. E também testemunha como Lucas, ao som de uma magistral trilha de John Williams que mescla composições novas com temas já conhecidos, soube belamente amarrar quase todas as pontas soltas e direcionar a saga não para um fim, mas para o início da trilogia original.

Contudo, o que mais me fascinou no filme foi ele se afastar um pouco do maniqueísmo que sempre caracterizou a franquia e tratar, basicamente, da zona cinzenta que fica entre a luz e as trevas - o comportamento ambíguo dos Jedis ao tramarem um golpe de Estado; aliados que se tornam, repentinamente e numa reviravolta do destino, em inimigos traiçoeiros; de como, enfim, heróis tornam-se vilões. STAR WARS EPISÓDIO III: A VINGANÇA DOS SITH (pelo menos é o que Lucas diz) completa a história da família Skywalker, é o melhor da série ao lado de O IMPÉRIO CONTRA-ATACA e dá a ela a consistência e coerência que lhe era cobrada. A partir de agora, ela pode ser julgada por inteiro e, até mesmo, ser classificada como uma das maiores sagas do cinema. Mesmo que parte da crítica ainda insista em dizer que STAR WARS não é cinema, mas pura forma e marketing.