Crítica sobre o DVD "Universal - 751 Min." do filme "Battlestar Galactica 1ª Temp.":

Jorge Saldanha
Battlestar Galactica 1ª Temp. Por Jorge Saldanha
| Data: 14/07/2006
Para os fãs de boas séries de TV, e de ficção científica em particular, o lançamento da primeira temporada de Battlestar Galactica no Brasil, num box com cinco DVDs, teria tudo para ser comemorado. Mas infelizmente a Universal fez mais uma trapalhada e acabou disponibilizando no mercado brasileiro um lançamento tosco, típico de Terceiro Mundo. A embalagem repete o padrão de vários outros lançamentos do gênero - digistak, com uma luva de cartolina por fora. O problema são as informações equivocadas que ela traz, como 775 min. de duração ao invés dos efetivos 751 min., e extras que, na maioria, não estão no box. Além disso, a embalagem omite por completo o conteúdo do disco 1 (apenas lista os episódios dos outros discos), que traz a minissérie-piloto na forma de um longa-metragem de três horas. Na verdade este disco é exatamente o mesmo DVD que foi lançado aqui ano passado, por nós já comentado: os feios menus estáticos em inglês, as especificações (vídeo widescreen anamórfico 1.77:1, áudio DD 5.1 em inglês e japonês, etc.) e o material suplementar (o documentário “The Lowdownâ€), é tudo igual. O único trabalho da distribuidora foi mudar o rótulo do disco, para deixá-lo igual aos dos outros da caixa. Quando examinamos os quatro discos restantes, outras desagradáveis surpresas: os menus são animados, porém vários deles, que na versão original eram widescreen, foram “esticados†e ficaram full. Mas o pior é que os próprios episódios estão em formato full frame, com uma óbvia qualidade inferior de imagem, e o áudio em inglês e português é apenas Dolby 2.0. O revoltante é que toda a série foi filmada e é exibida em widescreen, tanto que os DVDs lançados no exterior (inclusive na Austrália, que também é Região 4) trazem os episódios neste formato, e com áudio 5.1. O que parece é que a Universal fez uma nova autoração dos discos 2 a 4 só para o nosso mercado (quanta consideração), com transferências full frame dos episódios e eliminando, além do áudio multicanal, as faixas de comentários e demais extras.

Fica difícil de compreender o porquê de tal atitude, já que provavelmente foi mais caro fazer assim do que simplesmente utilizar os mesmos DVDs lançados no exterior e adicionar neles legendas e dublagens em português. Seja como for, a Universal deliberadamente mutilou o lançamento, fazendo dele um verdadeiro “samba do crioulo doido†que não agrada a ninguém: quem quiser ver o piloto com a dublagem em português não poderá fazê-lo, porque ela está disponível apenas nos demais episódios (em compensação, poderá se divertir com uma hilária dublagem em japonês!); quem tem um televisor 4:3 verá, na minissérie, as tradicionais tarjas pretas acima e abaixo da imagem; quem possui televisores wide será duplamente prejudicado, porque além dos óbvios cortes laterais na imagem dos episódios full, ao ajustar a imagem para preencher toda a tela terá perda ainda maior de imagem – e, obviamente, de qualidade; por fim, o áudio 2.0 dos episódios não se compara ao áudio multicanal do disco 1, e pior: há episódios em que a separação de canais é quase imperceptível. Em suma, ao lançar um box com menus e especificações de vídeo e áudio diferentes, a Universal consegue apenas desagradar a todos. Se este fosse um país onde houvesse respeito ao consumidor, a distribuidora deveria recolher os boxes por vício de conteúdo e restituiria os valores pagos pelos consumidores lesados. Aliás, valores caros demais: não se justifica cobrar na média R$ 150,00 por um box de apenas cinco DVDs, que ainda por cima não traz todo o conteúdo que anuncia (e o que traz, ainda por cima tem problemas). Mas o máximo que ela fez foi enviar uma nota a alguns dos sites que vendem o box, informando que o primeiro lote saiu com informações erradas na embalagem. No fim tudo vai ficar do jeito que está, e a Universal reembolsará apenas aqueles poucos que tiverem ânimo e paciência para entrar na Justiça. Os outros ficarão na esperança de que pelo menos a segunda temporada da série respeite seu formato original, e que a distribuidora passe a ter um controle de qualidade à altura da importância do seu nome.