Crítica sobre o filme "Doctor Who: 1ª Temporada Completa":

Jorge Saldanha
Doctor Who: 1ª Temporada Completa Por Jorge Saldanha
| Data: 07/11/2006
Em 1963 estreou na Inglaterra uma série que se tornaria lendária entre os fãs de ficção científica, apesar de ser praticamente desconhecida em outros países: Doctor Who. Nela acompanhamos as aventuras do misterioso Doutor que, a bordo da sua espaçonave TARDIS (que por fora aparenta ser uma velha cabine telefônica da polícia, mas por dentro é enorme) viaja pelo tempo e pelo espaço enfrentando formidáveis inimigos alienígenas e, quase sempre, salvando a raça humana da destruição. Tudo em histórias temperadas com os típicos humor e ironia ingleses. De 1963 a 1989, sete atores deram vida ao Doutor, até que a série (no gênero a de mais longa duração), progressivamente vitimada por roteiros ruins e valores de produção precários, fosse encerrada. Em meados dos anos 1990, foi feita uma tentativa de introduzir o Doutor às novas gerações num telefilme estrelado por Paul McGann, porém ele foi considerado demasiadamente americanizado e o projeto não foi adiante.

Finalmente, em 2004, a BBC encarregou Russell T. Davies de escrever e produzir uma nova série de Doctor Who que apresentasse o Time Lord para os espectadores do século 21. O ator Christopher Eccleston (Extermínio) foi contratado para ser o 9º Doutor, e a atriz e cantora Billie Piper foi escalada para interpretar Rose Tyler, sua jovem companheira de viagens. Com Davies comandando uma talentosa equipe de roteiristas, responsáveis por tramas imaginativas enriquecidas por personagens adoráveis e elaborados efeitos CGI e de maquiagem, a série conseguiu o feito de ser fiel às suas origens (ela dá um show de continuidade, resgatando antigos inimigos do Doutor com sua aparência original e até mesmo mantendo o clássico tema musical eletrônico de Ron Grainer, agora enriquecido com samplers orquestrais) e agradar mesmo àqueles que nunca haviam visto sequer um dos antigos episódios. O interessante é que Doctor Who, considerado por muitos um programa para crianças, trata de assuntos relevantes como vida e morte, a ambigüidade entre o bem e o mal, a manipulação de informações pela mídia e a própria cultura da televisão com muita inteligência, ironia, sarcasmo, humor e, por vezes, alto drama, tudo de uma forma raramente vista em séries do gênero. O Doutor virou mania (de novo) na Inglaterra em 2005, porém seus horizontes foram alargados a partir de sua exibição nos EUA no início de 2006. O sucesso de Doctor Who chegou também à América, o que sem dúvida foi um fator decisivo para que hoje o programa seja exibido também no Brasil, pelo canal pago People & Arts. Recentemente a série ganhou o prêmio máximo da ficção científica, o Hugo, pelos episódios "The Empty Child" e "The Doctor Dances", e foi tão bem sucedida que o galante personagem Capitão Jack, interpretado por John Barrowman e introduzido no episódio “The Empty Childâ€, ganhou uma série própria: Torchwood. Na Inglaterra Doctor Who, em sua nova versão, já teve exibida a segunda temporada, com David Tennant substituindo Eccleston no papel principal. A terceira temporada estréia por lá em 2007.