Crítica sobre o filme "Superman - O Retorno":

Jorge Saldanha
Superman - O Retorno Por Jorge Saldanha
| Data: 19/11/2006
O cineasta Bryan Singer (de Os Suspeitos, X-Men e X-Men 2), após anos de indefinições da Warner quanto à franquia Superman, assumiu o projeto e o resultado chegou aos cinemas e ao DVD em 2006. Após tanta espera, acho que o filme poderia ser um pouco melhor, e não é tão bem resolvido como os filmes de Singer para X-Men; mas por outro lado está longe de ser a bomba que imaginava, quando vi as primeiras fotos do Brandon Routh no collant do Super, ou a porcaria que alguns dizem que é. Estes não podem esquecer que viram os filmes com o saudoso Christopher Reeve na infância e adolescência, e seria mesmo impossível que este Superman do século 21 provocasse neles o mesmo impacto.

O roteiro, baseado numa história do próprio Singer, preocupa-se bem mais com os personagens do que com cenas mirabolantes de ação (que existem e são ótimas, mas não muitas) e cascatas de efeitos visuais. Após a estranheza inicial causada por Routh (uma espécie de clone mais jovem de Reeve, sempre preocupado em imitar seus trejeitos), e pela Lois Lane de Kate Bosworth, que na verdade é loira e no filme está de peruca castanha, os personagens conquistam o espectador graças principalmente ao bom trabalho do roteiro. Como é normal neste gênero de filme, o pior é sempre o plano megalômano do vilão, mas há certas qualidades que justificam a ida ao cinema. A principal se resume a uma palavra: respeito. A produção buscou de todas as maneiras respeitar e homenagear as fontes pretéritas do filme - das referências ao # 1 da Action Comics, que trazia na capa o Homem de Aço levantando um carro, até os eventos ocorridos em Superman II (aquele no qual Luthor descobre a localização da Fortaleza da Solidão e onde o Super abandona seus poderes para ter um relacionamento íntimo com Lois), do qual se propõe a ser uma continuação direta, ignorando os ruins III e IV. Os créditos iniciais seguem o mesmo estilo dos outros filmes, e na seqüência final mais uma vez vemos Superman voando em órbita da Terra, inclusive com Routh passando diante da câmera e sorrindo para a platéia, como Reeve fazia. Impossível não ficar cativado por estas homenagens aos filmes de Richard Donner e Richard Lester. Neste aspecto, obviamente há outro fator importantíssimo - a utilização pelo compositor/editor John Ottman, em sua trilha musical, dos memoráveis temas criados por John Williams para o filme de 1978. Em torno deles Ottman construiu a que talvez seja sua melhor partitura até agora.

Enfim, há uma série de referências visuais e auditivas que não deixam dúvidas: para o bem ou para o mal, este é um legítimo filme do Superman, e é o primeiro de uma nova série. Mas ao final resta um furo do roteiro, que tanto primou pelo respeito à continuidade. Em Superman II, após o herói revelar sua identidade a Lois e abandonar seus poderes para consumarem seu romance, ele a faz esquecer por completo de toda a experiência. Ou seja, após o super-herói recobrar seus poderes, Lois passa a não lembrar de nada do que aconteceu. Contudo em Superman: O Retorno - ATENÇÃO: SPOILER A SEGUIR - ela não demonstra muita surpresa ao descobrir que o pai de seu filho de cinco anos é Superman, e não seu marido. Ou seja, ela age como se lembrasse de ter ido para a cama com o super-herói... De qualquer maneira, esperemos pelo próximo filme, que tem tudo para ser ainda melhor.