Crítica sobre o filme "P.S. Eu Te Amo":

Edinho Pasquale
P.S. Eu Te Amo Por Edinho Pasquale
| Data: 23/05/2008
O casal Holly (Hilary Swank) e Gerry Kennedy (Gerard Butler) chegam em casa brigando. Em mais essa discussão se percebe a carência de Holly por se sentir segura - ela tem no passado o histórico do abandono do pai - e a luta de Gerry de tornar o casamento deles possível. No caso específico da noite que dá início ao filme, eles brigam por algo que Gerry falou para a mãe de Holly, Patricia (Kathy Bates) e pela indecisão deles de que rumo dar para suas vidas. Pouco depois acompanhamos como Holly deve encarar a separação de Gerry com a ajuda das amigas Denise Hennessey (Lisa Kudrow) e Sharon McCarthy (Gina Gershon), do novo amigo Daniel Connelly (Harry Connick Jr.) e com, para surpresa de todos, uma ajuda do próprio Gerry. FILME – 2 estrelas COMENTÃRIO SOBRE O FILME – Antes de mais nada, um alerta aos possíveis casais que querem assistir a esse filme porque ele parece romântico e tal: Ok, ele é um filme “água-com-açúcar†e que tenta ser um lindo, mas um lindo mesmo filme sobre o amor. Mas minha opinião a respeito é bem outra. Achei P.S. Eu te Amo um filme chatíssimo, destes que tens que fazer um esforço para terminar de ver. Eu poderia fazer uma lista de pelo menos outras 30 histórias de amor no cinema melhor contadas que esta. Para ser bem franca, o filme deve chamar a atenção das mulheres pela presença dos interessantes Gerard Butler (ainda que ele pareça um retardado no filme) e Jeffrey Dean Morgan. E, no caso dos homens, o filme deve atrair pelo fato de que Hilary Swank aparece um bom tempo com roupas íntimas… Mas nada mais.

A verdade sobre esse filme é a seguinte: se você consegue agüentar os primeiros 12 minutos dele, ou seja, aquela chata e irritante e infantil briga do casal da história antes dos créditos iniciais do filme, você é capaz de assisti-lo até o final. Não lembro a última vez que eu vi um começo de filme tão irritante. O pior é que depois o filme não melhora muito mas, pelo menos, não piora. A cena do streap-tease de Gerry também é deprimente. Não sei, talvez tem gente que ache graça, mas eu achei ridícula (e antes que alguém me diga que a idéia era essa, quero comentar que existe diferença entre você fazer algo querendo ser ridículo e você realmente conseguir ser ridículo querendo fazer algo ridículo - a segunda opção é o caso do filme). Fora estes dois pontos e quase todas as aparições da personagem de Lisa Kudrow, o filme até que não te dá tanta vontade de sair correndo.

Mas vejamos com um pouco mais de atenção a seqüência inicial do filme. Holly caminha para casa visivelmente irritada, enquanto Gerry corre atrás em seu encalço. Quando passam da porta do prédio para dentro, ele começa a querer saber o que deixou ela tão irritada - usando a velha tática de dizer que sim, ela deve estar certa em estar assim porque ele “deve†ter feito algo errado. Os 12 primeiros minutos do filme são isso, uma briga de casal chata. Ela diz que não gostou do que ele falou para a mãe sobre ter filhos, porque ela não sabe para onde vai a relação deles, porque ele pode querer ir embora e tal… ele joga na cara dela que ela não sabe ter estabilidade, que não fica nos trabalhos dela e nem se sente confortável estando casada - algo, em teoria, para “toda a vidaâ€. Ok, percebemos que ela é carente, que ela teve algum problema com o pai dela. Também percebemos que ele a conhece muito bem, a ponto de fazer o seu joguinho… Para resumir: chato. Não achei nem graça e nem comovente essa introdução. Achei um tédio, na verdade.

Bem, depois disto, os créditos do filme. E depois… (AVISO: realmente não continue a ler o texto se você ainda não viu o filme - depois não diz que eu não avisei)… Gerry morre. Ok, daí começa toda uma história de Holly não cair na realidade e nem querer saber da vida. Até que Gerry volta a fazer parte de sua história, agora através de cartas e demais surpresas. Hummmmm… acho que já vi isso em algum lugar. A idéia de que a pessoa que morreu deixa uma mensagem final para o ser amado não é nada original. Muitos filmes já trataram disso. Só que P.S.,Eu Te Amo leva esta idéia ao extremo, transformando Holly praticamente em uma marionete das idéias de Gerry. Ok que para ela é difícil superar a perda do marido - ainda que eu fique em dúvida sobre o quanto ela realmente o amava, porque lá pelas tantas no filme parece mais que ele era quase “algo para ela se agarrar†na vida, mais do que um amor legítimo. Ok que para ela é difícil administrar o seu complexo de abandono e a sua carência afetiva. Mas o roteiro do diretor Richard LaGravenese e de Steven Rogers, baseado no livro de Cecelia Ahern, exagera na dose. Realmente meio difícil de acreditar que uma mulher adulta seja tão carente a ponto de se “deixar levar†mais pelas mensagens e surpresas do marido morto - ao qual ela não dava tantos ouvidos quando estava vivo - do que pelas pessoas vivas que a rodeiam, como suas amigas ou sua mãe.

Enfim, para mim o filme é um desfile de situações óbvias e pouco críveis. Assim como uma coletânea de idéias já utilizadas em outros filmes - com melhor resultado. E dentro das caricaturas e das obviedades, merece um capítulo a parte a personagem de Denise Hennessey, interpretada por Lisa Kudrow. No fundo eu tenho pena dessa atriz. Parece que ela eternamente terá que interpretar papéis de mulheres meio “descontroladasâ€, “exóticas†ou “descerebradas†- um legado que sua Phoebe Buffay, de Friends, parece ter-lhe deixado. Em P.S., Eu Te Amo ela vive uma mulher “feminista†ao extremo, ou melhor, uma caricatura especialmente exagerada de uma feminista moderna. Tanto que a cena em que ela testa os possíveis “ficantes†é de chorar. Muito mecânica, muito irreal. Talvez alguém ache graça. Eu só achei ridículo.

No fim das contas, o caminho de Holly vai se abrindo como um “conto-de-fadasâ€, com ela seguindo os conselhos de seu amor morto para que consiga achar o seu caminho. Assim até parece bonito, mas o resultado é medíocre. (Alessandra Ogeda – confira mais detalhes no blog Crítica (non)sense da 7Arte)