Crítica sobre o DVD "Paramount - 684 Min." do filme "Jornada nas Estrelas: Original Motion Picture Collection - BLU-RAY)":

Jorge Saldanha
Jornada nas Estrelas: Original Motion Picture Collection - BLU-RAY) Por Jorge Saldanha
| Data: 06/10/2009

Coincidindo com o lançamento do novo filme STAR TREK, de J.J. Abrams, a Paramount relançou em DVD e Blu-ray os seis primeiros filmes de JORNADA NAS ESTRELAS, estrelados pela tripulação da SÉRIE CLÃSSICA. Em Blu-ray, os sete discos do box são exatamente os mesmos lançados nos EUA, o que significa que os filmes possuem legendas em português mas não trazem nossas dublagens – um padrão da distribuidora que poderia mudar, já que os DVDs autorados aqui as possuem. E, afinal de contas, o Brasil é um dos maiores mercados de home video do mundo e a inclusão do áudio em português ajudaria a difusão do novo padrão por aqui. A embalagem do box nacional, excelente por sinal, é similar à do norte-americano, porém sem o plástico transparente que envolve a luva de cartolina e, por não utilizar estojos slim, possui quase o dobro da largura daquele. Cabe destacar que todos os filmes do box estão apresentados no corte original de cinema, portanto há pelo menos três deles - I, II e VI – que diferem dos lançamentos anteriores em DVD, que trouxeram versões do diretor ou com cenas adicionais.

No que toca à qualidade técnica das apresentações, se constata que a distribuidora não teve o mesmo esmero dedicado ao lançamento das temporadas remasterizadas da SÉRIE CLÃSSICA, cujos episódios foram restaurados e ganharam ótimas (e novas) transfers em alta definição. Quanto ao áudio não há maiores problemas, exceto pela ausência de dublagens em português. Os filmes receberam faixas lossless em inglês Dolby TrueHD 7.1 de alta qualidade, que reproduzem com clareza e fidelidade os diálogos e as trilhas musicais, e que realçam os efeitos sonoros nos canais surround – ainda que, especialmente nos filmes mais antigos, a mixagem concentre mais o som nos canais dianteiros, com a expansão do campo sonoro ocorrendo principalmente nas cenas de ação. Quando isso acontece, as faixas tornam-se adequadamente imersivas. Também há disponíveis dublagens em francês (Dolby 2.0 ou 5.1) e espanhol (Dolby Mono). As legendas disponíveis são português, inglês e espanhol.

Quando passamos à avaliação da imagem é que surge o problema. Os filmes estão apresentados no formato anamórfico 2.35:1, em transferências 1080p/AVC MPEG-4, e sem dúvida em Blu-ray possuem uma qualidade bem superior à dos DVDs anteriores. Mas a própria Paramount informa que, do lote, apenas A IRA DE KHAN recebeu uma nova transfer HD, e mesmo nela notamos a aplicação de DNR, feita em maior ou menor grau de acordo com o filme. A qualidade do vídeo de JORNADA NAS ESTRELAS: O FILME é boa, apresentando um razoável nível de detalhes, em que pese a filtragem digital que deixa a imagem suave demais em determinados momentos. Não raro os “defeitos†especiais ficam bem destacados pela alta definição – na composição das imagens, em especial na cena da doca espacial, o contorno dos objetos em movimento é instável; em determinados momentos podemos ver as estrelas de fundo através de segmentos sólidos da Enterprise; e numa tomada mais de perto, vê-se que a borda da seção disco da nave simplesmente some. Passando para A IRA DE KHAN, de fato temos uma imagem superior à dos demais longas, com DNR mais discreto, ótimo nível de detalhes, pretos fortes, cores vivas e firmes e um pouco da granulação natural da película preservada.

À PROCURA DE SPOCK tem uma boa imagem, com cores vivas e pretos sólidos, mas a redução digital de ruídos praticamente eliminou a granulação original, e com ela parte dos detalhes finos. Já A VOLTA PARA CASA tem a pior imagem do conjunto, com forte DNR que dá a ela uma aparência “lavadaâ€. Não ajuda o fato do filme não ter um contraste muito grande e pretos inconsistentes, mas pelo menos as cores estão boas. A verdade é que nunca gostei muito da imagem do quarto filme desde os tempos do VHS, e parece que em alta definição ela fica ainda pior. Em A ÚLTIMA FRONTEIRA a coisa melhora, com o DNR poupando boa parte da nitidez. As cores são vibrantes e o nível do preto é sólido, e para minha surpresa o maior detalhamento não prejudicou as tomadas de efeitos, que como já referi não são grande coisa. Finalmente A TERRA DESCONHECIDA mantém o padrão de boas cores, pretos fortes e nível de detalhes muito bom, mas que poderia ser muito melhor não fosse pelo onipresente DNR. O curioso é que este filme foi rodado no aspect ratio de 2.00:1, e foi nesta proporção de imagem que ele foi lançado no DVD duplo contendo a versão com algumas cenas alternativas. Mas esta é a versão que passou nos cinemas estadunidenses, portanto a tela foi adaptada para o aspecto 2.35:1, mas que não acarreta perdas de grande monta.