Por Jorge Saldanha
| Data: 15/11/2011
BEN-HUR (1959) é, pura e simplesmente, um dos maiores (se não o maior) clássicos do cinema épico e bÃblico, tendo conquistado 11 Oscars, incluindo o de Melhor Filme – número posteriormente igualado por TITANIC (1997) e O SENHOR DOS ANÉIS - O RETORNO DO REI (1983). Sob a direção de William Wyler, que usou o à época enorme orçamento de U$ 15 milhões para criar, nos estúdios da Cinecittá de Roma, cenários grandiosos e cenas espetaculares, foram cinco anos de produção que resultaram, apenas no seu primeiro ano de exibição, em 40 milhões de ingressos vendidos.
Esta foi a segunda versão cinematográfica em longa-metragem do livro homônimo do Coronel Lew Wallace, sendo que a primeira, muda, é de 1925. A trajetória do protagonista Ben-Hur corre paralela à de Jesus Cristo, vista principalmente no inÃcio e no final da projeção. Lá, ambas convergem e temos a resolução da trama de sofrimento, vingança e triunfo da religiosidade sobre o ódio. Charlton Heston, que três anos antes encarnara nas telas Moisés em outro grande épico do Cinema, OS DEZ MANDAMENTOS (1956), teve aqui um o papel mais memorável de sua grande carreira, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator.
Um prodÃgio técnico à sua época, BEN-HUR traz vários momentos antológicos, mas sem dúvida o mais lembrado é a corrida de bigas (ou melhor dizendo quadrigas, já que são carruagens puxadas por quatro cavalos), filmada com impressionante realismo sob a supervisão do lendário dublê Yakima Canutt. Sem truques, em muitas das tomadas as quadrigas foram realmente conduzidas por Heston e Boyd. Hoje, sem o auxÃlio da computação gráfica, dificilmente alguém conseguiria criar uma sequência deste tipo, onde os dublês realizaram algumas das façanhas mais incrÃveis já vistas nas telas.
A trilha sonora original, composta pelo lendário Miklos Rozsa e que também venceu o Oscar, é um caso à parte. Entre pesquisa, composição e gravação passou-se um ano e meio, perÃodo no qual o compositor húngaro desenvolveu uma obra-prima repleta de belos temas evocando religiosidade, nobreza, drama, ação retumbante e marchas triunfais. Na cena mais lembrada do filme, a violenta corrida de quadrigas que dura dezessete minutos, sabiamente Rozsa preferiu não competir com os abundantes efeitos sonoros e não a musicou. Preferiu compor uma imponente marcha para a cena imediatamente anterior, na qual os competidores desfilam ante a ruidosa multidão. A música de Rozsa dá o toque final de grandiosidade a este verdadeiro legado de Hollywood, que continua a nos deslumbrar em pleno século 21.