Grande era a expectativa pelo novo filme do responsável pelo sucesso inesperado de O SEXTO SENTIDO, principalmente, levando-se em conta da nova dobradinha diretor/protagonista. Cinco meses depois de sua estréia nas salas de cinema nos Estados Unidos, arrecadou cerca de 95 milhões de dólares, três vezes menos e a um custo bem mais elevado que a grande sensação de 1999. Mas seria um fracasso, CORPO FECHADO? Com certeza, a grande maioria das pessoas não entenderam este filme, justamente, acreditando ser uma "reedição" do projeto anterior.
Mesmo para quem não é muito próximo a histórias em quadrinhos, como eu, pode ser tocado pela trama. E o filme não é muito difícil, como se pensou. Simplesmente, é a construção e o auto-descobrimento de um super-herói, humano como você e eu, com os mesmos problemas habituais deste mundo injusto, mas que tem um "dom" e não sabe como explorá-lo. Este "dom" é tratado por outro personagem como um "super-poder", como nas histórias em quadrinhos. Imagina alguém se aproximar e dizer que você é um super-herói porque é imune a qualquer gripe, por exemplo. E o nosso super-herói tem problemas familiares, trabalha como segurança em estádios, nada mais comum, não é? Superman não era jornalista? Ou seria Clark Kent na redação? De qualquer forma, a "atmosfera" de "O Sexto Sentido" se faz presente, como também o estilo visual e as cenas em única tomada.
A cena inicial, no trem, quando WILLIS conversa com uma passageira que senta ao seu lado, já está no rol das imagens inesquecíveis do cinema. Fico feliz em descobrir mais um diretor que imprime uma identidade na sua obra, e que ela é facilmente percebida, desde a concepção (dividido em atos) até os tons da fotografia. E novamente, Bruce WILLIS está ótimo no papel, o que é difícil de acreditar sob o ponto de vista que ele pertence a geração de atores limitados a um padrão de filme. Não temos apenas WILLIS em papéis de "macho-man" (Duro de Matar e similares), mas também em comédias (Meu Vizinho é Mafioso) e dramas (História de Nós Dois). Outras similaridades me recorrem, com "O Sexto Sentido". Em ambos filmes há um "dom" a ser explorado (ver pessoas mortas e ter o "corpo fechado") e o final é uma surpresa. Mas não fique preso a críticas "jornalescas" nem a comparações, apesar de serem inevitáveis.
É um filme diferente e que deve ser assistido com a mente aberta. E ao que parece, deverá ter uma continuação (ainda bem), para explorar melhor a criação deste novo super-herói, como li em recente entrevista do diretor depois do sucesso do lançamento deste DVD, pois depois das frustrantes bilheterias, os produtores tinham enterrado a idéia. Uma palavra para defini-lo? IMPERDÍVEL.