Crítica sobre o filme "Dança com Lobos":

Eron Duarte Fagundes
Dança com Lobos Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 17/09/2003

Em sua época, Dança com lobos (Dances with wolves; 1990), dirigido e interpretado por Kevin Costner, atraiu um público bastante grande aos cinemas que o exibiam. Em Porto Alegre o filme chegou a eternizar-se em cartaz.

Revisto hoje, mesmo no formato de dvd, surpreende que assim tenha sucedido. É uma boa surpresa que uma narrativa cinematográfica lenta, repleta de um rigor clássico e com assuntos meio fora de moda para a trivialidade comercial, pudesse conquistar uma grande platéia. O prestígio de Costner como ator e seu carisma como intérprete diante das câmaras explicam uma parte do processo; o restante se deve à maneira envolvente com que Costner dirige seu filme, onde, apesar de abdicar de uma ação dramática mais evidente e preferir uma plasticidade de planos gerais estáticos e colados à natureza-cenário como elemento rítmico, o aborrecimento nunca se instala.

É ainda hoje um filme bom de ver e revelador da sensibilidade da visão cinematográfica de Costner. É claro que Costner não chega a realizar uma obra-prima como O pequeno grande homem (1970), onde Arthuir Penn levou às últimas conseqüências a questão da antropofagia que a cultura indígena vai impor sobre um indivíduo branco que se vê obrigado a viver entre selvagens. Mas, dentro de seus limites, Costner faz de Dança com lobos uma bela película, lenta, longa, mas que nunca decai na exposição admirável de seu propósito cinematográfico.

Faroeste tardio e ecológico, a realização de Costner mostra o aprendizado do realizador com os grandes mestres dos espaços abertos das pradarias americanas transformados em imagens de beleza: a beleza americana.