Crítica sobre o filme "Mansão Marsten, A":

Jorge Saldanha
Mansão Marsten, A Por Jorge Saldanha
| Data: 21/02/2005

SALEM’S LOT (ou A HORA DO VAMPIRO, como foi batizado no Brasil), sempre foi um dos meus livros prediletos de Stephen King, e não coincidentemente, um dos mais aterrorizantes. Nele encontramos uma série de fatores que seriam recorrentes na obra posterior do autor, como a ação transcorrendo numa cidadezinha do Maine, o protagonista escritor, um acontecimento da infância do (s) protagonista (s) que é o fio condutor da história, etc. O livro já fora adaptado para a TV em 1979 pelo diretor Tobe Hopper (O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA, POLTERGEIST), com David Soul no papel do escritor, e o falecido James Mason como Barlow, que caso você ainda não tenha adivinhado, é um vampiro. Essa adaptação, infelizmente, nunca foi lançada em vídeo por aqui (a assisti há muitos anos em um péssimo VHS, ainda quando o mercado de vídeo era dominado pela pirataria), e lembro que era bem assustadora, apesar de haver mudanças significativas nos personagens – inclusive alterações de nomes. Esta nova adaptação, com o título em português de A MANSÃO MARSTEN, é uma minissérie produzida em 2004 pela Warner e o canal pago TNT, com roteiro do escritor teatral Peter Filardi e dirigida por Mikael Salomon.

Apesar de algumas características dos personagens terem sido adaptadas aos tempos atuais (por exemplo, o professor Cody é gay), ela é uma versão bem mais fiel da obra de King – várias cenas e diálogos são idênticos ao livro. O fato é que o lançamento aqui desta nova versão pela Warner, sem maiores alardes, revelou-se uma grata surpresa. Beneficiada pelas três horas de duração, a trama pôde ser bem construída e desenvolvida, transmitindo ao espectador a sensação de ameaça e horror que toma conta da cidadezinha. E finalmente temos de volta vampiros à moda antiga, diferentes dos monstrões do cinema atual, que viram morcegos gigantes e, até mesmo, lutam kung fu. Os vampiros de Salem’s Lot são criaturas assustadoras, de olhos esbranquiçados, que andam pelos tetos e flutuam do lado de fora das janelas, pedindo para serem convidados a entrar. Além do clima de horror, a produção é valorizada por uma trilha sonora envolvente, com solos de voz de Lisa Gerrard (de GLADIADOR) e um elenco de gabarito, com destaque para os veteranos Sutherland e Hauer. Ao final, esta MANSÃO MARSTEN acaba sendo a melhor adaptação de um livro de King a surgir em anos, superando filmes recentes (e fracos) como O APANHADOR DE SONHOS e A JANELA SECRETA.