Este é com certeza um candidato forte aos principais Oscars® deste ano (que acontecerá no domingo de Carnaval de 2014), em particular nas categorias técnicas, com sua impecável fotografia, desenho de produção (ou direção de arte), montagem, roteiro e direção. Só há duvida em relação a melhor filme por causa do filme 12 Anos de Escravidão e sua temática forte. Mas já se suspeita que há algo quando a Academia anunciou como tema de sua festa de ano, Viagem de Heróis, ou no Espaço ou coisas semelhantes!
Já sabíamos que o diretor mexicano Alfonso Cuaron era competente desde os tempos em que foi descoberto por Spielberg que o chamou para um episódio de Fallen Angels (93) e A Princesinha (95). Mais tarde faria sucesso com E Sua Mãe Também (01), o episódio de Harry Potter que é considerado o melhor da série (Prisioneiro de Azkaban,04), o muito elogiado ficção cientifica Filhos da Esperança (06), seguido de alguns documentários e episódio de série (Believe, 13).
Mesmo assim é difícil imaginar que conseguisse realizar um filme tão enxuto, tão bem amarrado, que é uma pequena joia, uma obra-prima de suspense e tensão (daqueles de você ficar colado na tela e assustado, torcendo. Não é terror mas não fica longe disso). Na verdade fazia tempo que não víamos uma aventura passada no chamado Espaço Sideral, ao menos nada muito memorável além de 2001, uma Odisséia no Espaço de Kubrick e Alien, o Oitavo Passageiro de Ridley Scott e depois num nível um pouco menor (o pouco lembrado Sem Rumo no Espaço/Maroooned, 69, de John Sturges e Apollo 13, 95, de Ron Howard). Solaris com o mesmo Clooney era filosófico e mal sucedido.
Recentemente o gênero cedeu lugar a aventuras inspiradas em quadrinhos, ou pura fantasia, as chamadas Space Operas. Em parte certamente porque as viagens espaciais verdadeiras se tornaram caras demais e não haja nada de romântico ou emocionante (e muito de secreto) em estações espaciais e satélites espiões de origem duvidosa. Talvez parte da impressão que o filme deixa, ainda mais em 3D (é outro dos que expande os horizontes do sistema) é que se passa inteiramente no espaço, com dois únicos atores e o planeta azul, a Terra como pano de fundo. O efeito é impressionante e espetacular.
A história é muito simples: Sandra Bullock tem um trabalho físico impressionante como Ryan Stone, uma médica/engenheira que foi treinada para esta missão no espaço, junto com outros companheiros numa estação espacial. O filme começa com um narrador dizendo algumas verdades básicas (não há som no espaço, não é um lugar para humanos sobreviverem facilmente etc.) enquanto três astronautas estão consertando um Telescópio de um satélite. Um deles brinca no espaço, outro dá instruções e Ryan faz o trabalho duro de tentar corrigir os problemas. É novata e nada segura. Fazer piadas e comentários jocosos entre eles é a forma de combater o nervoso e o medo do perigo (há alguns que reclamam do excesso de diálogos que podem parecer um pouco forçados. Há também os que não gostam do monologo sentimental sobre o filho, acompanhado de uma excessiva trilha musical). Só que não demora em chegar a má noticia, eles perdem o contato com a sede em Houston e não tem tempo suficiente para se refugiarem de uma forte tempestade do chamado “debris”. Houve um acidente e um monte de lixo esta circulando no espaço na mesma altitude em que eles estão trabalhando. E o resultado é devastador (essas cenas são as que servem de trailer para o filme).
Talvez seja melhor não entrar muito em detalhes, basta dizer que todo o filme será uma excitante luta pela sobrevivência, em busca de uma saída, muitas vezes tentando decifrar instruções em russo ou chinês, ou coisa pior. A maior parte das soluções dramáticas dizem os especialistas são possíveis (como usar o extintor de incêndio), outras nem tanto (a trajetória entre o Hubble Telescópio Espacial e a Estação Espacial Internacional não seria viável).
Mas o roteiro que o diretor escreveu com seu filho é um mapa para uma realização notável, abraçada pelos críticos (mais de 90 por cento dos comentários foram favoráveis) e que me fez embarcar inteiramente . Clooney faz uma variação de sua simpática “persona”, mas o tour de force é mesmo de Sandra. De Tirar o fôlego.