Sem Licença Para Dirigir **1/2
Embora esta comédia seja de fato uma diversão típica de sua Época e um grande momento de popularidade dos dois jovens atores Corey, o Haim e o Feldman, se você quer se divertir a custas do passado deles, acho melhor você pular este assunto. Começamos com o fato de que este foi o primeiro longa do diretor Beeman, mais conhecido com produtor e diretor de muitas séries de TV. E o roteirista Tolkin também estreou aqui como escritor e só faria depois uma experiência na realização.
Os dois garotos eram grandes amigos. Haim nasceu no Canadá, em Toronto, e foi descoberto muito cedo com sua cara de anjo primeiro no filme Quando Se Perde a Ilusão, 84, Admiradora Secreta, 85, e principalmente A Inocência do Primeiro Amor, 86 . Facilmente se tornou o ídolo das adolescentes, com seu jeitão de garoto inocente e bonzinho. E o outro Corey era bem mais feio e ainda mais perdido que ele. Feldman nasceu em 1971 na Califórnia e fez um monte de filmes e séries de TV até ir acertando em sucessos com Gremlins, Os Goonies, Sexta feira 13, Capitulos 4 e 5. E ainda Conta Comigo, 86. Os dois se encontram e se dão bem logo depois com um clássico do gênero, um filme de vampiro, Os Garotos Perdidos (87). E ambos vão fazer o filme de comédia que é uma farsa até divertida e que desperta todos os sentidos. Ambos se viciam em drogas, Corey fica amigo de Michael Jackson (e depois afirma que foi seduzido sexualmente por ele), Haim é ainda mais grave a situação porque é estuprado e violentado várias vezes, também ajudado pelas drogas. São super amigos e super vítimas, para não ir mais longe, Haim morre em 2010, já ao 38 anos, depois de abrir falência e fazer 8 filmes com Feldman, que era mais malandro e passou por sua dose grave de problemas e tragédias. Tantas que escreveu livros, mas perdeu a credibilidade. Mas insiste em conseguir trabalho e vai em frente. Esses fatos autênticos prejudicam portanto sua diversão ao querer assistir o filme malfadado. Haim faz o papel de Les que não é aprovado quanto tenta conseguir sua carteira de motorista para impressionar a garota chamada Mercedes (feita pela Heather Graham, em seu quarto filme e primeiro importante. Logo ela se tornaria um trabalhadora voraz com mais de 96 créditos, mas de fato nunca chegando a ser um estrela de verdade). Enfim, Haim pega emprestado o carro do pai, que naturalmente irá passar pelas piores e mais desastrosas situações. Além de que nenhum dos dois garotos tinha na época da filmagem uma verdadeira carteira de motorista! O célebre John Hughes por pouco não dirigiu o filme. Divirta-se se puder.
Um Salto para a Felicidade **
É curioso que sucedeu uma refilmagem desta mesma comédia há pouco tempo deste lançamento - em abril de 2018 - com o comediante mexicano Eugenio Derbez junto com Anna Faris e Eva Longoria (mais precisamente com o mesmo título original rendeu cerca de 50 milhões de dólares, enquanto a versão antiga acima não teve mais do que 26 milhões). O diretor Garry era famoso por suas séries de TV e principalmente por suas comedias famosas como o lendário Pretty Woman (90), O Diário da Princesa, e o último O Maior Amor do Mundo (sobre o dia das mães). Mas é bom deixar claro para quem comprar o pacote da distribuidora que este filme nada tem a ver com os jovens e o romance teen. Muito pelo contrario, é uma história sobre um casal já de mais de 40 anos que vivem juntos na vida real há muito tempo, mas nunca chegaram a ser casar legalmente, no caso a premiada com o Oscar Goldie Hawn e seu companheiro Kurt Russell (nascido em 1951, ela em 1945, hoje vítima de muitas plásticas deformantes). Na verdade, não é das melhores comédias (talvez os mexicanos coitados com tantas ameaças do Trump precisassem agora de uma diversão) porque o roteiro é forçado, exagerado, machista e pouco engraçado. A trama é muito fraca. Goldie faz uma mulher rica e pretensiosa, uma herdeira muito rica que usa e abusa de um carpinteiro caipira e modesto. Acontece um acidente quando ela cai de um iate e tem amnésia(!!!). Assim, ele muito safado e cercado de um monte de crianças, resolve se vingar da megera com todas as consequências tolas fáceis de imaginar. E ele engana fingindo de que é sua mulher caseira e ocupada, dona de casa! Acredite quem quiser. O diretor porém achava que era uma de seus filmes mais engraçados e era o filme favorito de Reese Witherspoon. Roddy McDowall que faz o mordomo é um dos produtores do filme.
Digam o Que Quiserem... ***1/2
Este é certamente o melhor filme deste pacote sobre filmes de adolescentes na década de 80. A tal ponto que podemos chamá-lo de clássico do gênero, não apenas porque foi produzido pelo super premiado James L. Brooks e Polly Platt, a partir inclusive do fato de que foi a revelação de um diretor e roteirista importante, Cameron Crowe. Sem esquecer de um elenco de primeira linha que tem até varias surpresas. É provável que você se lembre de Crowe e por causa disso acrescento um artigo que escrito sobre ele, já há algum tempo. Eis o texto até cruel: “Houve tempo em que muita gente estava apostando em Cameron Crowe como uma das grandes esperanças do cinema americano. Principalmente depois do sucesso de Jerry McGuire e dele ter escrito um livro muito simpático de entrevistas com o veterano diretor Billy Wilder. Mas bastou um filme desastroso para levantar a dúvida. Será que alguém que fez aquela fez besteira chamada Tudo Acontece em Elizabetown merece perdão? O filme foi feito em 2005 e a dúvida continua. Os seguintes foram o delicioso e autobiográfico Quase Famosos (2000), o muito fraco Compramos um Zoológico (01), e um outro que foi massacrado pela critica chamado Aloha (Sob o Mesmo Céu, 05). E fora uma série de YV de curta vida, O Silencio...”
Elizabeth Town é uma história autobiográfica de Cameron, um detalhe que já virou uma característica do autor. Nascido em Palm Springs, Califórnia em 1957, ele começou muito cedo como jornalista e com vinte e poucos anos escreveu um best seller chamado “Fast Times at Ridgemont High”, dando um retrato realista mas bem humorado dos alunos do curso secundário. Ele já mais velho fez se passar por adolescente para pesquisar a obra que acabou resultando no filme Picardias Estudantis, de Amy Heckerling, para qual ele escreveu o roteiro em 1982. O filme até hoje é considerado um clássico no gênero da comedia adolescente.
O sucesso lhe ajudou a passar para a direção em 1989, é justamente com este cult Diga o Que Quiserem (Say Anything), uma comédia romântica diferente com John Cusack sobre um romance de verão. O segundo filme também não foi grande sucesso, mas já refletia seu amor pela música, foi Singles, Vida de Solteiro, 92, uma tentativa de contar o que era o movimento musical grunge em Seattle, com Matt Dilon, Bridget Fonda e Kyra Sedgwick.
Foi o suficiente para interessar Tom Cruise em estrelar Jerry Mcguire, a Grande Virada, um dos melhores momentos do ator e que recebeu uma enxurrada de indicações ao Oscar, inclusive como filme, roteiro, ator, montagem. E depois de dizer Give Me The Money Cuba Gooding Jr foi o melhor coadjuvante. Mas será que precisa de um novo encontro com Cruise? Foi Vanilla Sky em 2001, uma refilmagem desnecessária do filme espanhol Abre los Ojos de Amenábar, em produção do próprio Cruise. Aí que me deu a dúvida, será que Crowe realmente tem mais alguma coisa a dizer?
Acho melhor você assistir este velho filme Diga o que Quiserem com carinho e humor. Claro que vamos lamentar que John Cusack nestes últimos tempos esteja se perdendo em filmes de qualidades muito discutíveis (parece também estar perdendo a voz, o que dá idéia de drogas!). E o que vem por ai são filmes B e C! Nesse filme Cult temos uma frase famosa (que diz, “Eu lhe dei meu coração e ela me deu de retorno uma caneta!”), uma canção tema In Your Eyes de Peter Gabriel, uma pena que não tenha dado certa a mocinha do filme, Ione Sky (inglesa de 1970, que continua a trabalhar, já fez 69 créditos em filmes como Alma de Poeta, Olhos de Sinatra, Amor em Jogo, Juventude Assassina). Sabiam que Lawrence Kasdan estava indicado para dirigir o filme quando desistiu e que este filme só fez sucesso quando os críticos Gene Siskel e Roger Ebert o consagraram. Quem não viu procure descobrir que vale a pena.
A Primeira Transa de Jonathan **
Compreendo perfeitamente a nostalgia que as pessoas, em particular os homens, têm das antigas comédias quase sensuais, que estiveram em meados dos anos 80, em pleno VHS e a revelação de jovens em gerais loiras que eram atraentes e promissoras (não é bem o caso desta aqui, que vem a ser das mais fracas do gênero), inclusive no seu elenco, o protagonista Doug McKeon, que era baixinho, nem muito bonito, nem talentoso. Vagamente lembrado por ter sido o garoto de Num Lago Dourado (com Jane Fonda, Kate Hepburn e Henry Fonda) nunca fez nada de muito notável, embora tenha dirigido dois filmes (o inédito aqui The Boys of Sunset Ridger, 91 e Um Verão Inesquecível, 95). O crédito mais recente dele foi em2016, quando fez o papel de Senador Hubert Humphrey (para ter ideia de como envelheceu!). É curioso que a trama desta história teen, se passa em 1967. Quando o tímido Jonathan tenta a sorte com as garotas com a ajuda do amigo Gene que está no último ano com ele na high school. Este é muito popular com as garotas e consegue ensinar alguns truques para o amigo. Mas ele só quer saber de uma garota Bunny. Mas como o pai dele é pobre, os pais da moça não o aceitam. Quem faz Bunny é Catherine Mary Stewart que hoje é uma veterana de 68 créditos e nascida em 1959 (os filmes mais lembrados poderiam ser A Maçã, Um Morto Muito Louco e A Noite do Cometa). A mais lembrada de todas é Kelly Preston, que até hoje é casada com John Travolta e também da mesma religião dele, fazendo Marilyn. Nascida em 1962, esteve entre outros em Irmãos Gêmeos, O Gato, Jerry McGuire e o recente desastre Gotti. Na direção aqui temos um de longa carreira de quase 100 créditos como diretor de TV, Mel Damski (Lou Grant, O Pirata da Barba Amarela, Ally McBeal) e o roteirista aqui foi Noel Black (que fez apenas um filme cult O Despertar Amargo com Anthony Perkins, e dirigiu curta que foi premiado em Cannes). Ou seja, melhor que sua nostalgia seja muito grande e rápida!