Já em cartaz, esta é uma das melhores surpresas do ano, um excelente filme de tensão e suspense, que consegue explorar seu orçamento modesto (rodado na África do Sul em poucas semanas e que compreensivelmente tem sido ignorado pelo público americano, rendendo até agora pouco mais de 8 milhões de dólares).No Brasil deve ter o mesmo triste destino por causa de um titulo nacional genérico e bobo que nem dá a dica de que se trata do primeiro filme de guerra a mostrar a ação de um Drone (ainda que especialistas tenham reclamado de alguns detalhes deste daqui). O diretor é Gavin Hood que ganhou o Oscar de filme estrangeiro por Infância Roubada (05) e depois fez o neutro O Suspeito com Jake Gyllenhaal e Reese Witherspoon, 07, X-Men Origens Wolverine (09), que foi menos bem do que o esperado, e o fraco Ender´s Game: O Jogo do Exterminador (13). Também faz o papel do Coronel Ed Walsh neste filme.
De qualquer forma Gavin reabilita-se num filme envolvente e tenso, que se sustenta pelo excelente elenco e pelo roteiro diferente de um certo Guy Hibbert, veterano escritor para a televisão (inclusive para Prime Suspect, que foi a série que consagrou Helen como grande dama e estrela internacional ) e para cinema fez o pouco visto Rastros de Justiça (Five minutes of Heaven, 09 com Liam Neeson). No caso é fácil perceber que Helen entrou no elenco num papel planejado antes para um homem. E em vez de se masculinizar ela passa toda sua força e carisma na figura da britânica Coronel Katherine Powell, que lidera uma complicada missão no Quênia, em que um exercito esta escondido espionando movimentos suspeitos numa casa habitada por lideres terroristas. Enquanto isso na casa vizinha mora uma pequena e encantadora criança (que brinca com bambolê, melhor dizendo dança com ele, embora isso fosse proibido pelos mais religiosos locais) que vende pão por infelicidade bem diante da casa suspeita.
Acontece que essa operação top secret envolve também um drone (e um casal de jovens oficiais que o comandariam a distância, sendo que ele é vivido pelo jovem Aaron Paul que se tornou famoso com a série Breaking Bad). Através de espionagem de pequenos artefatos (um deles é um besouro, outro imita um pássaro dourado) consegue descobrir que naquela casa estão não apenas dois jovens que servirão de homens bombas num atentado (previsto para dali a pouco, mas também uma jovem inglesa que virou terrorista e esta na casa com o marido criminoso). O que era para ser uma missão para capturar os suspeitos perigosos acaba virando uma questão de honra porque as autoridades inglesas estão acompanhando tudo pelos vídeos e terão que consultar também seus superiores e aliados, no caso os norte-americanos e o Primeiro Ministro inglês! Tudo porque o piloto Americano Steve (Paul) percebe a presença da menina de nove anos tão próxima do lugar onde iria cair a bomba que há uma enorme possibilidade e risco dela ficar ferida ou morrer. Recusa a principio a puxar o gatilho enquanto os superiores ficam discutindo o que fazer, o risco de serem acusados de irresponsáveis assassinos. Afinal o que é a coisa certa a fazer nesse caso? Arriscar a vida da menina e impedir a ação dos terroristas (que iriam colocar em risco um numero certamente muito maior de pessoas também inocentes?).
Embora seja um thriller muito bem armado, o tema na verdade é a moralidade e os limites de ação de uma guerra atual, onde as fronteiras e os deveres já não são mais tão claros. Não se preocupe que o filme nunca é aborrecido ou pedante, ao contrário, mantém sempre a atenção graças também ao elenco onde o destaque é a ultima aparição de Alan Rickman, no papel de um Tenente Geral que tem a ultima palavra na ação militar (o filme é dedicado a ele, que embora doente não apenas gravou até o fim, com sua habitual dignidade, mas ficou até o fim da produção). Seu jeito ambíguo é uma qualidade a mais do que filme.